O médico prudentino Jean Guilherme Neves, 33 anos, que reside na capital paulista, foi diagnosticado com Covid-19. Os primeiros sintomas surgiram no dia 29 de março. “Era uma cefaleia muito intensa, que me acordava à noite”, lembra. Em um primeiro momento, pensou que a dor poderia ser tensional por estar vivendo a situação da pandemia. Porém, começou a se tornar intensa e, na sequência, surgiu a perda do olfato, que durou cerca de cinco dias.
Esse sintoma foi significativo para que ele fizesse o exame de sorologia. “Fiz o teste de IgM e IgG, que deu negativo para IgM e positivo para IgG. Isso significa que tive o novo coronavírus e meu sistema imune produziu anticorpos para combater a doença”, explica. “[A Covid-19] é altamente contagiosa, que não respeita classe social ou idade, inclusive, tem pessoas novas, sem comorbidades, e profissionais de saúde morrendo. Cada um respondendo de um jeito”, expõe.
De acordo com o médico, residente de ortopedia R3 em São Paulo, quando a capital tornou-se o epicentro de transmissão do novo coronavírus, os cuidados dentro de casa foram redobrados. Isso porque convive com a esposa, que também é médica, a mãe, hipertensa, e dois filhos pequenos. Devido ao risco de contágio, a avó e as crianças ficaram quase um mês em Presidente Prudente por questão de segurança.
“Por estarem fora do hospital e não presenciarem esse cenário que a gente vive, as pessoas não acreditam muito [na gravidade da doença]”, lembra Jean. “Os hospitais de São Paulo estão ficando superlotados e passaram a lotar os hospitais de campanha. Se saturarmos o sistema, as pessoas que precisarem de leitos [por outras situações], também irão sofrer”, considera o médico.