Na linha de frente contra a Covid-19: Giovana Tiezzi

Natural de Prudente, a infectologista pediatra atua em dois hospitais da capital paulista, em meio à pandemia

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 21/05/2020
Horário 08:05
Giovana Fidalgo Marcondes Silvestrini Tiezzi/Cedida - Giovana Tiezzi, 27 anos, natural de Prudente
Giovana Fidalgo Marcondes Silvestrini Tiezzi/Cedida - Giovana Tiezzi, 27 anos, natural de Prudente

Em meio à crise mundial na saúde, originada pela pandemia da Covid-19, doença transmitida pelo novo coronavírus, a maior cidade brasileira: São Paulo, se torna também o pico da patologia, com maior número de casos e mortes. E neste cenário caótico, mas também movido pela esperança, O Imparcial fez uma série de reportagens com aqueles que estão na linha de frente dessa luta: os profissionais da área da saúde. São histórias de pessoas que nasceram, cresceram ou estudaram na região de Presidente Prudente, mas hoje lidam com o drama de tratar pessoas na capital paulista. E a primeira delas é a da Giovana Fidalgo Marcondes Silvestrini Tiezzi.

Natural de Prudente, Giovana tem 27 anos, é formada em Medicina pela Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), cursou residência em pediatria e hoje realiza a subespecialidade em infectologia pediátrica, na USP (Universidade de São Paulo), além de atuar em dois hospitais particulares. E, como ela mesmo diz, cresceu em meio à área médica, tendo como referência, por exemplo, o avô: Osvaldo Tiezzi; o pai: Pedro Silvestrini Tiezzi; e também o padrinho: Osvaldo Silvestrini Tiezzi.

Como infectologista pediátrica, ela conta à reportagem que atua em pronto-socorro infantil e realiza interconsultas dentro da especialidade em pacientes internados. E acompanhar a evolução da doença no local onde é o pico brasileiro, não tem sido outra coisa a não ser “angustiante”. “Ver uma cidade como São Paulo quase totalmente parada é uma situação que nunca imaginei que pudesse ocorrer em toda minha vida. Como médica, a situação é ainda pior, nós nos expomos em todo momento na linha de frente da infecção. Mas, ao mesmo tempo, poder ajudar aqueles que mais necessitam nesse momento de crise é o que traz gratificação naquilo que faço”, declara.

MUDANÇA

DE HÁBITO

A chegada da Covid-19 tem mudado a vida de todos, de modo a afetar até mesmo simples hábitos rotineiros. E para os profissionais, tal curva é ainda mais estreita. “Minha rotina mudou completamente”, diz Giovana.. Se antes usava transporte público para se locomover, hoje não mais. Sair de casa? Só se for com máscara de proteção e um álcool em gel extra na bolsa. No trabalho? Roupa privativa de serviço, máscara N95, óculos de proteção, gorro e luvas. E ao término das consultas ou plantão, ela higieniza todo o material utilizado. E quando chega em casa, após a rotina de trabalho, retira o sapato na entrada de casa, deixa a vestimenta na lavanderia e toma “banho imediatamente”.

EPI E O USO

LIMITADO

E a preoupação não se resume apenas no modo viver, mas também em como trabalhar. Isso, ao pensar, por exemplo, na possibilidade de esgotar e faltar EPIs (equipamentos de proteção indivudal). “No momento não vivemos falta de equipamentos, mas seu uso está bem limitado. O álcool em gel não fica mais livre nas salas por exemplo. Agora, a opção se tornou apenas um dispenser na parede. A pior situação é em relação às máscaras: são contadas, recebemos duas a cada plantão de 6 horas ou uma N95 para uso por um tempo indeterminado”, lamenta.

EXAUSTÃO

ALÉM DO FÍSICO

Questionada se tal cenário já lhe fe chorar, a médica não se acanha em dizer que sim, aliás, “bastante”. “Por medo, por preocupação, por ver que algumas pessoas não levam a sério as recomendações dos órgãos de saúde e continuam saindo de casa e se reunindo com os amigos”, desabafa Giovana. Ela frisa, com certa preocupação, que a situação é “muito séria”. E complementa: “fico muito preocupada com a minha família, que está distante de mim, mas eu sei, que por amor a ela, o melhor é ficar longe nesse momento”.

Com isso, há espaço ainda para uma “exaustão sentimental”, que, de acordo com ela, é compartilhada por ela mesma e por amigos. “Pois muitos possuem família no interior, no nordeste, no exterior e, por esse fato, convivem com essa angústia de não saber quando vão ver seus familiares novamente. Não poder abraçar, beijar, tocar é realmente muito triste”, comenta.

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