O verdadeiro “salve-se quem puder”

EDITORIAL -

Data 15/05/2020
Horário 05:00

Uma coisa é fato e não se pode negar em meio à pandemia: a economia será afetada de uma forma jamais vista. E os motivos são os mais variados, eles vão desde o desemprego, passam pelas demissões recentes e esbarram na dificuldade que milhões de brasileiros encontram para conseguir o famigerado auxílio emergencial disponibilizado pelo governo. E em meio a todo esse caos é um verdadeiro “salve-se quem puder” no que diz respeito aos serviços considerados como essenciais. Converse rapidamente com alguém de seu círculo de amizades e notará que inúmeras são as dúvidas sobre o que abre ou o que fecha neste momento.

E não é para menos que essas dúvidas estejam presentes na vida dos brasileiros. Uma possível justificativa é o fato de que governos federal, estadual e municipal não chegam a uma conclusão sobre o que é certo e o que é errado no que diz respeito à Covid-19 e, constantemente, se enfrentam para saber quem solta um decreto mais flexível, ou quem sabe barrar com maestria a medida imposta pelo colega político. E em meio às brigas nas duas esferas mais altas, estão os municípios, cobrados diariamente por suas populações para que tomem providências, mas que, na verdade, estão é de mãos atadas, visto que, sozinhos, não possuem poder para tanto.

A discussão mais recente começou com o governo federal, quando soltou um novo decreto, na segunda, e que estipula os serviços de academias, salões de beleza e barbearias como essenciais, o que os permitira abrir em meio à pandemia. Ontem, o governo do Estado de São Paulo publicou outra medida, que mantém a suspensão de tais atividades.

Trazendo um pouco mais perto da realidade do oeste paulista, e como forma de mostrar onde entram os municípios em tudo isso, está a cobrança por parte de comerciantes, população e entidades, como a Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Presidente Prudente), pedindo que o chefe do Executivo da maior cidade da região se posicione perante tamanha confusão entre as esferas do governo. O que todos querem neste momento é saber: academias, salões e barbearias, abrem ou não? Se sim, já que o governo federal permite, como isso deve ocorrer e quais medidas tomar? Se não, quais as sanções impostas para aqueles que desobedecerem ao documento estadual? Lembrando que recentemente o próprio prefeito Nelson Roberto Bugalho (PSSB) havia decretado a flexibilização do comércio local, medida barrada posteriormente pela Justiça.

E em meio a tamanho caos e desordem entre os poderes, o que se propõe é uma reflexão sobre o que é essencial. Seriam mesmo os salões, barbearias e academias indispensáveis neste momento? A intenção não é desmerecer nenhum dos três, mas pense pelo lado da economia: por que estes citados seriam mais importantes do que, por exemplo, a loja de roupas de uma conhecida sua, no bairro da sua casa e que também segue fechada? Realmente é indispensável prezar pela aparência no momento em que vidas lutam para se manter, apenas, vivas? Por que uma economia, neste momento, vale mais do que a outra? O momento é de pensar no coletivo. É preciso dar as mãos e pensar em estratégias, em casa, que possam substituir tais serviços que, até agora, não se sabe se são mesmo essenciais ou não.

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