PL prevê acompanhamento para pacientes do SUS

Direito seria concedido não apenas a crianças, idosos e pacientes com doenças graves, mas a todos os usuários do sistema

PRUDENTE - BEATRIZ DUARTE

Data 15/02/2018
Horário 12:27

O acompanhamento hospitalar para todos os pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) é o que prevê o PL (Projeto de Lei) 968/2015 elaborado pelo deputado Cezinha de Madureira, presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa. Atualmente nos hospitais, a medida autoriza a presença de um auxiliador responsável apenas para crianças, idosos e pacientes com doenças graves. Para ser aprovado, o PL - que acaba de receber parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Redação - deve passar pela Alesp (Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo) e ser sancionada pelo governo.

O jornal esteve presente ontem no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, de Presidente Prudente, para saber a opinião da população sobre a possível aprovação da lei. Se for aprovada, além do direito de ficar ao lado do paciente, o acompanhante ainda terá as refeições servidas no hospital.

A favor, a dona de casa, Rosângela Alves Valveno, 49 anos, diz que é uma forma de ajudar pessoas que não se enquadram nos parâmetros estabelecidos, mas que também precisam de acompanhamento. “Muitas vezes essas pessoas estão debilitadas, mas acabam ficando sozinhas”. Moradora de Presidente Epitácio, ela diz que já passou pela situação, devido ao problema de artrite que possui. Segundo ela, em grau mais elevado da doença, ela tem dificuldades para caminhar e escrever. “A ambulância que vem da minha cidade estaciona longe do hospital, teve vezes que eu precisei chegar até a consulta sozinha”. Ela acredita que a presença de um acompanhante contribui no processo de melhora do paciente, pois ele se sente mais confiante e seguro.

Sem opinião fixa sobre o assunto, a auxiliar de enfermagem, Tais Camargo Demascena, 25 anos, acredita que a medida possui dois lados, o positivo e negativo. Para ela, a solicitação de auxiliar deve depender dos critérios de cada caso. “Como trabalho em hospitais, vejo que a presença de muitas pessoas pode atrapalhar o serviço, tanto o procedimento médico, como a limpeza”. Ela aponta que se for permitida a medida, um quarto que comporta quatro leitos passará a atender oito pessoas diariamente. “Isso é muito movimento, existem procedimentos que os pacientes necessitam passar sozinhos, e na maioria das vezes tenho que pedir para os acompanhantes se retirarem do espaço”. Segundo a funcionária, o direito só deve ser concedido para pacientes com estados restritos, que passarem por uma solicitação médica.

Iracema Cristianini, aposentada, 63 anos, comenta que a maioria das pessoas não pode ficar sozinha no hospital. “Acho que desde que a pessoa precise de um consulta médica, ela consequentemente necessita de um acompanhante, pois ela está debilitada de alguma forma”. Por já ter passado pela situação uma vez, ela conta que ficou internada no corredor do hospital por cinco dias, porque não havia leitos disponíveis. “Eu não tinha ninguém para me ajudar, fui tomar banho, caí e quebrei o meu punho”, conta.

Acompanhante diária do seu esposo até as consultas, Lurdes Risos dos Santos, 60 anos, do lar, explica que o seu marido é um exemplo que de os pacientes precisam de auxílio. “Por ser já de idade, ele necessita de atenção redobrada, tanto para andar, como para entender o que os médicos falam”. Questionada sobre um possível lotação dentro dos hospitais, ela acredita que uma solução seria um espaço e profissionais bem mais preparados para atender um maior demanda de movimento.

Já Cleide Teixeira Campos, 53 anos, do lar, diz que sentiu na pela a importância de ter alguém da família prestando apoio. Lutando contra o câncer nos ossos há quatro meses, ela conta que enfrentou a mesma batalha há 13 anos, quando descobriu o câncer de mama. Para a dona de casa, é imprescindível uma pessoa que possa ofertar apoio emocional e físico. “Agora estou melhor, consigo me movimentar, mas no começo da doença eu não conseguia andar sozinha, então precisava que me ajudassem. Até hoje sigo vindo às consultas acompanhada, isso dá força para quem está doente”, finaliza.

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