Em 39 cidades da 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, a caderneta da poupança encerrou os sete primeiros meses do ano com alta de 9,93% em relação ao mesmo período do ano passado. Em julho de 2017, o saldo existente era de R$ 3.441.446.099, ao passo que, neste ano, avançou para R$ 3.783.084.582, revelam dados disponibilizados pelo BCB (Banco Central do Brasil), por meio da ferramenta Estban (Estatística Bancária por Município), que disponibiliza o balanço mensal com um atraso de 60 dias, sendo estes os números mais recentes divulgados. Outros 14 municípios não tiveram seus resultados apresentados.
No intervalo de tempo analisado, as maiores evoluções ficaram por conta de Taciba, onde os investimentos passaram de R$ 8.439.018 para R$ 11.474.009, o que corresponde a um aumento de 35,96%; e Monte Castelo, que registrou crescimento de 18,78%, saltando de R$ 9.610.146 para R$ 11.415.339. Já os municípios com menor impacto são Indiana, cuja evolução foi de 3,2%, saindo de R$ 10.982.170 para R$ 11.333.937; e Caiabu, que subiu de R$ 2.246.854 para R$ 2.268.671, o equivalente a 0,97%.
A capitalização se tornou um recurso crescente após a intensificação da crise econômica, que levou muitos brasileiros a cortarem gastos e depositarem seu dinheiro na poupança como um meio de assegurar o futuro, que, à época, se mostrava incerto. Embora o Brasil vivencie uma retomada progressiva da economia, o cenário permanece instável e a tendência é que as pessoas continuem reservando seu dinheiro para momentos de necessidade. Pelo menos é o que defende o economista Éder Canziani. “A recessão fez com que a população ficasse mais preocupada com o dia de amanhã, porque ninguém sabe o que lhe espera. Com isso, os consumidores seguem gastando o mínimo possível”, expõe.
O especialista aponta que as principais classes que se valem da capitalização são a média e a baixa, uma vez que grande parte dos cidadãos que as compõem vive do salário proveniente de seus trabalhos. Como a estabilidade no emprego é ameaçada em uma situação de crise, essas pessoas veem a necessidade de salvar parte de sua renda para que não fiquem sem recursos nas circunstâncias de adversidade. “Mesmo que a poupança não gere rendimentos bons, traz segurança financeira para os clientes”, pondera. Éder, no entanto, recomenda que as pessoas sejam comedidas de ambos os lados. Segundo ele, ter uma poupança é uma ideia inteligente, mas seus titulares não podem deixar de viver o presente – da mesma forma que ninguém pode extrapolar sua renda e ficar sem uma reserva para depois.
Reflexo no mercado
O economista argumenta, contudo, que a capitalização afeta a economia, uma vez que, ao depositá-lo no banco, o dinheiro não entra no mercado. “Digamos que o alto número de desempregados que temos no país foi fruto da queda de demanda durante a crise. Se a cadeia produtiva não fosse afetada, as pessoas ainda estariam trabalhando e pagando seus impostos normalmente”, avalia. Ele explica que esse deslocamento do dinheiro resulta na destruição dos meios de pagamento. “No momento em que circula, a moeda cria os meios de pagamento. Já quando desvia o seu caminho e vai para a poupança, destrói os mesmos”, explana.
O especialista denota que, apesar de já demonstrar reação, a economia ainda não aponta um sinal verde, exigindo que as pessoas se mantenham cautelosas e consumam apenas o necessário. Todavia, a expectativa é que a estabilidade ocorra depressa para que o mercado volte a aquecer. “Enquanto os cidadãos continuarem investindo na poupança, o dinheiro não vai entrar no mercado por tempo indeterminado. Ao mesmo tempo em que não devemos extrapolar nossa renda, não podemos desviá-la totalmente para a poupança, porque isso quebra a economia”, pontua.
Evolução do saldo existente na poupança em julho de cada ano
Municípios |
Saldo existente (R$) |
Evolução |
|
2017 |
2018 |
||
Adamantina |
238.356.850 |
265.688.292 |
11,47% |
Alfredo Marcondes |
19.891.653 |
22.032.040 |
10,76% |
Álvares Machado |
89.684.976 |
94.222.070 |
5,06% |
Caiabu |
2.246.854 |
2.268.671 |
0,97% |
Caiuá |
3.514.469 |
3.802.493 |
8,20% |
Dracena |
271.168.751 |
299.576.384 |
10,48% |
Euclides da Cunha Paulista |
6.167.296 |
7.030.882 |
14,00% |
Flórida Paulista |
37.681.852 |
41.965.879 |
11,37% |
Iepê |
21.429.595 |
23.965.089 |
11,83% |
Indiana |
10.982.170 |
11.333.937 |
3,20% |
Irapuru |
23.649.600 |
24.686.231 |
4,38% |
Junqueirópolis |
82.750.385 |
92.907.703 |
12,27% |
Lucélia |
91.002.988 |
95.295.658 |
4,72% |
Marabá Paulista |
3.767.720 |
4.431.466 |
17,62% |
Martinópolis |
79.726.840 |
87.252.370 |
9,44% |
Mirante do Paranapanema |
30.972.652 |
32.402.531 |
4,62% |
Monte Castelo |
9.610.146 |
11.415.339 |
18,78% |
Narandiba |
4.979.661 |
5.644.721 |
13,36% |
Osvaldo Cruz |
165.631.801 |
183.442.072 |
10,75% |
Ouro Verde |
9.693.624 |
10.446.979 |
7,77% |
Pacaembu |
52.505.568 |
57.509.812 |
9,53% |
Panorama |
41.146.268 |
44.321.308 |
7,72% |
Pauliceia |
5.717.483 |
6.343.092 |
10,94% |
Piquerobi |
6.571.817 |
6.845.476 |
4,16% |
Pirapozinho |
119.227.487 |
127.529.038 |
6,96% |
Presidente Bernardes |
77.835.322 |
83.681.311 |
7,51% |
Presidente Epitácio |
119.565.655 |
131.862.669 |
10,28% |
Presidente Prudente |
1.104.286.755 |
1.222.490.625 |
10,70% |
Presidente Venceslau |
180.878.911 |
199.920.013 |
10,53% |
Rancharia |
114.958.382 |
124.545.260 |
8,34% |
Regente Feijó |
80.191.216 |
89.985.623 |
12,21% |
Rosana |
38.480.826 |
42.102.847 |
9,41% |
Salmourão |
10.735.456 |
12.454.989 |
16,02% |
Santo Anastácio |
119.461.022 |
129.280.866 |
8,22% |
Santo Expedito |
3.469.595 |
3.769.761 |
8,65% |
Taciba |
8.439.018 |
11.474.009 |
35,96% |
Tarabai |
8.624.568 |
10.111.399 |
17,24% |
Teodoro Sampaio |
54.446.460 |
58.011.452 |
6,55% |
Tupi Paulista |
91.994.407 |
101.034.225 |
9,83% |
Total |
3.441.446.099 |
3.783.084.582 |
9,93% |
Fonte: Estban/BCB