Utopia e transformação

OPINIÃO - Arlette Piai

Data 01/05/2018
Horário 10:29

Normalmente pensa-se em utopia como algo poético, inatingível e irrealizável. Entretanto toda criação que ocorreu no decorrer da humanidade até os dias de hoje, nasceu da utopia. Desde o pequeno lápis com que escrevemos até os mais sofisticados aviões que cortam o céu, aos foguetes que levam às estrelas; tudo nasceu primeiro no mundo das ideias. No nosso contexto histórico uma sociedade pacífica que vise o bem e a justiça a todos, é considerada irrealizável; assim como fora considerado irrealizável a libertação dos escravos, o nascimento dos ideais da Revolução Francesa etc. Vê-se assim, que a utopia é a possibilidade de superação do real a fim de possibilitar mudanças no movimento de transformações desejáveis. O pensamento utópico tem também importante papel no Direito, uma vez que é na utopia que se encontra os instrumentos necessários para construí-lo. É o pensamento utópico que ilumina o caminho em prol do que é justo e legítimo, para que a lei e a justiça possam ser sinônimos. Podemos considerar que nesta segunda década do século 21 em que vivemos, ocorre realização utópica da nossa história, porque nunca se considerou que poderosos fossem responder pelos seus atos. Em outros países é rotina pessoas que ocupam altos cargos responder por seus crimes como ocorreu recentemente com a ex-presidente sul-coreana Park Geun-hye, condenada a 24 anos de prisão por corrupção e abuso de poder. A higienização que hoje ocorre na política brasileira é algo inédito. Esse procedimento começa a mudar a nossa história. Mas, concomitante à higienização, deve haver também uma profunda mudança política-constitucional para possibilitar o crescimento da nação. E neste intento, o foco deve ser dado às nossas escolas. É necessário acabar com o conceito de que escola é decorar um amontoado de fórmulas e outros dados sem significado e sem que nada acrescente ao aluno. A escola precisa despertar a alegria a paixão pelo aprender. Se os vestibulares e Enem, exigem absurdos, é preciso a exigência de se mudar a filosofia dessas avaliações. Afinal as escolas não podem ficar atreladas a exigências que faz o aluno odiar o estudo e causar doença como a depressão; versus escolas que despertam paixão pelo aprender. O psicólogo e filósofo Jean Piaget ensinou que a primeira meta da educação deve servir para o engrandecimento da pátria com homens que sejam capazes de fazer coisas novas, que sejam criadores, inventores, descobridores. Declarou ainda, a segunda meta: “Formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não engolir tudo que a elas se propõe.” Escolas que permanecerem na contínua repetição do que outras gerações já repetiram, significa retornar nossa nação à Idade Média. Assim o Brasil rico - “8ª economia do mundo” - riqueza esta desfrutável somente a uma elite de menos de 5% da população que continuará permanecendo lado a lado, em confronto, com um povo cada vez mais pobre, inerte, sofrido e sem possibilidade de superação.

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