“A OSP não é um sonho só meu, um grande número de músicos tem esse anseio há muito tempo”

Valter Trevisan, pianista, maestro

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 21/12/2021
Horário 07:34
Foto: Cedida
Valter Trevisan é quem estará à frente da OSP
Valter Trevisan é quem estará à frente da OSP

Após quase 14 anos sem se apresentar, a OSP (Orquestra Sinfônica Prudentina) volta aos palcos em um momento mais que especial e cheio de representatividade para os cristãos: o Natal, quando se celebra o nascimento de Jesus Cristo! O concerto será nesta quarta-feira, às 20h, na programação do Vila Natal da Vida, de Presidente Prudente, na Praça do Centenário, no Parque do Povo. E o regente não poderia ser melhor, dada aimportância de sua figura no meio. Comendador Valter Trevisan fala nesta entrevista sobre este retorno e outros assuntos.

Valter, como é para você ver a OSP voltar à ativa?
A OSP não é um sonho só meu. Um grande número de músicos prudentinos tem esse anseio há muito tempo. Quando a OSP esteve na ativa, apesar das dificuldades na manutenção do grupo, havia uma grande expetativa que ela se perpetuasse, ou seja, que deveria ser um patrimônio imaterial a ser preservado pelo poder público e pela comunidade. Mas, infelizmente, isso não ocorreu. Apenas com o entusiasmo e apoio irrestrito do atual secretário municipal de Cultura, professor Yuri Reis, foi possível a retomada deste grande projeto. Ele colocou toda a estrutura da Secult e do Centro Cultural Matarazzo à nossa disposição, nos oferecendo o Teatro Paulo Roberto Lisboa como ‘a casa da nossa orquestra’. Porém, sabemos que para manter um grupo com esse contingente e a qualidade necessária, requer recursos que, infelizmente, o poder público local não tem condições de arcar sozinho. 

E de que forma estes recursos podem ser obtidos?
Nossos planos são envolver cada vez mais a comunidade com participação direta de empresas, seja em forma de patrocínio ou renúncia fiscal através das leis de incentivo [ProAC e Rouanet], mecenato, etc. Acreditamos que uma orquestra, a exemplo de muitas cidades europeias e americanas, é de suma importância para a qualidade de vida das pessoas, pois ela fomenta a economia criativa e o turismo cultural, trazendo benefícios para todos, indistintamente. Muitos instrumentistas se formam em nossas escolas e acabam migrando para outros centros. Com a OSP, queremos mantê-los aqui, pois lhes garantirá emprego e renda.

Quantos são os músicos que estarão nesta primeira apresentação? 
Neste concerto programado para o dia 22, se apresentará a nossa Orquestra de Cordas. Devido às restrições de aglomeração por conta da Covid-19, durante 2021 não foi possível congregar os 51 músicos da orquestra e prepará-la para esse concerto. Assim, estaremos nos apresentando com 29 instrumentistas: primeiros violinos: Marco Aurélio Brocaldi Ferri (Spalla), Winnie Fervença CoitinoGalli, Vinícius Roberto de Azevedo e Silva, Marlon Vitor da Cruz Moreira, Luciano Cirilo Oliveira Sá, Mary Hilary da Cruz Moreira e Thiago Maciel Duarte. Segundos violinos: Kristen Nicole Ferri (USA), Luiz Carlos Junior Frazão, Kelly Nogueira Marques, Anelise Lupoli Chamorro, Carlos Eduardo Santos de Assis, Gabriela Gomes Vessane e João Victor Batista Pereira. Violas: Irliane Karoline Soares Pessoa, Germano Carvalho de Jesus, Saimenton Santos Pereira, Marcos Pereira da Silva Filho e Eliel Joaquim. Violoncelos: Júlio César Anselmo Possette, Fernando Telles Gomes, Douglas Marcelino, Alex Junior de Souza e Estevão Gomes de Souza. Contrabaixos: Douglas Henrique Lemes, Mayara das Graças Silva e Alisson Silva Barros. E no piano, Luis Carlos Bianco.

Embora a orquestra estivesse sem apresentações há anos, você e demais músicos se apresentaram em outros projetos? 
Todos os profissionais envolvidos com a OSP estão também ligados a projetos culturais e trabalham com música em escolas especializadas, universidades, projetos sociais, como o Projeto Guri, por exemplo, em atividades religiosas ou na produção de músicas em eventos sociais [casamentos, formaturas, etc.]. Todos com muita experiência e focados na intenção de produzir, junto a OSP, um trabalho sério que represente muito bem a cultura musical de nossa cidade.

O que esta orquestra significa para Valter Trevisan?
A OSP com certeza é o sonho que tive durante toda a vida como profissional da música. Apesar de atuar na área educacional por mais de 30 anos, sempre estive ligado a projetos, atividades e ações culturais que promoveram a boa música e estimularam a criação de novos públicos. Seja na Escola Municipal de Artes Professora Jupyra Cunha Marcondes, como professor, coordenador e diretor, na Unoeste [Universidade, do Oeste Paulista], como professor e coordenador e na Sociedade de Medicina de Presidente Prudente, onde desenvolvi por anos o projeto Domingos Musicais. Acredito que após essa retomada, todos saberão valorizá-la e apoiá-la. Muitos maestros e instrumentistas virão com o passar do tempo. Meu desejo é que ela dure e seja respeitada por todos os cidadãos de bem, por todos os que desejam que nossa cidade seja referência cultural no Estado de São Paulo e do Brasil.

No seu ponto de vista, como foi esta pandemia para os músicos/artistas em geral?
As restrições que a Covid-19 trouxe para o meio artístico foram terríveis. Principalmente para aqueles que trabalham com eventos. Graças a Deus, estamos retornando às atividades normais. Esse concerto da OSP é um exemplo disso. No próximo ano, teremos a orquestra se apresentando com todo o seu efetivo. Será, sem dúvida, um grande espetáculo a cada apresentação.

Quando foi que você se interessou pela música, Valter? Teve a influência de alguém na família?
Comecei na música bem cedo por influência e incentivo de minha mãe, Maria Marochio. Iniciei meus estudos de piano ainda criança, estudando com uma professora particular que era minha vizinha. Em 1972 ingressei no antigo Conservatório Dramático e Musical de Presidente Prudente, atualmente Escola Municipal de Artes Professora Jupyra Cunha Marcondes, onde permaneci até 2016, quando me aposentei.

Sua formação musical/artística cultural é riquíssima, vamos explaná-la?
Pianista e regente iniciei meus estudos no Conservatório Dramático e Musical de Presidente Prudente, com os professores Maria Cecília de Jesus Almeida e Marcos Júlio Sergl, com quem me formei no curso técnico em 1980. No Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, de Tatuí [SP], estudei piano com Alfredo Cerquinho e Achille Picchi. E música de câmara com Homero de Magalhães (79 a 82) e orientações em regência com Dario Sotello (2001). Participei de diversos cursos intensivos, de extensão e master classes com Osvaldo Lacerda (1979), Bohumil Med, Heitor Alimonda, Lidia Alimonda (1981), Ciro Gonçalves Dias Junior e Magda Tagliaferro (1982), no CDM Carlos de Campos de Tatuí, Caroline Blondet – USA (2000), da Suzuki Association of the Americas. 

Participou de muitos festivais?
Participei de diversos festivais de música pelo Brasil com aulas de Regência com Osvaldo Colarusso, Norton Morozowicz, HanzKast [Alemanha], Roberto Farias, Laszlo Marosi [Hungria] e Música de Câmara com Hélcio Müller. Graduado em Música, Artes e Pedagogia. Mestre em Educação. Criador e maestro da Orquestra Municipal de Presidente Prudente [de 2000 a 2008] e de diversos conjuntos de formação de câmara. Pianista co-repetidor e camerista, já me apresentei em Presidente Prudente e em várias cidades do Estado de São Paulo. Detentor da Medalha de Pratado Concurso Estimulo para Piano “Franz Schubert” da Secretaria de Estado da Cultura do Estado de São Paulo [1978], e Medalha de Ouro no Festival de Piano de Presidente Prudente [1980]. Por meus méritos na educação e difusão da música brasileira em todos os níveis, recebi a Medalha “Villa Lobos”, da Academia de Música do Brasil - RJ [2020]. 

Você atuou com coral também? 
Atuei como regente em vários, como os corais: Santa Cecília [de 1978 a 1988], Coral Masculino Santo Ygnácio de Loyola [2010/2011] do Coral Masculino e Coral Misto São José [desde 2019], corais acadêmicos da Escola Municipal de Artes Professora Jupyra Cunha Marcondes [de 1980 a 2010] e regente auxiliar dos corais acadêmicos da Unoeste [de 1983 a 2009]. 

Você disse que atuou por mais de três décadas na área educacional, pode explanar um pouco mais sobre?
Fui o organizador e regente da Orquestra de Câmara Prof. Eurico Bendrath [84-87] e professor titular efetivo aposentado da Escola Municipal de Artes, como docente de Prática de Orquestra, Música de Câmara, História da Música, Teoria Musical e Tecnologias Aplicadas à Editoração Musical.  No curso superior, atuei como coordenador acadêmico e docente do curso de Tecnologia em Música: Linguagens, Produção e Multimeios [2003 a 2006], Produção Fonográfica [de 2006 a 2011], do Curso de Licenciatura em Música na modalidade presencial [2011 a 2020] e à Distância [2020], e também docente das disciplinas de História da Música, Teoria da Música e Folclore Brasileiro nos cursos de Licenciatura em Educação Artística e Artes Visuais [83 a 2011]. Criador e regente do Grupo Amadeus [2003] e coordenador dos Domingos Musicais da Sociedade de Medicina de Presidente Prudente (Casa do Médico) de 2002 a 2019. Sou também avaliador ad hoc do Inep/MEC (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação).

Quando você foi assentado como Acadêmico Imortal?
Em 2019. E também diretor adjunto da Academia de Música do Brasil e da Academia de Musicologia do Brasil, ambas do Rio de Janeiro [RJ]. Em 2021, recebi a Comenda “Pe. José Mauricio Nunes Garcia” pela Academia de Música do Brasil.


Orquestra volta a se apresentar amanhã na Vila Natal da Vida

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