“A pandemia deixou todo mundo em stand by, e o rádio está sendo ainda mais amigo de todos”

SINOMAR CALMONA

Ivone Botti, locutora da 98 FM

COLUNA - Sinomar

Data 05/11/2020
Horário 05:15
Ivone Botti está no ar há mais de três décadas
Ivone Botti está no ar há mais de três décadas

Ivone Botti é formada em área completamente fora da Comunicação, Educação Física, pela Unesp (Universidade Estadual Paulista). Apaixonada por voleibol, já defendeu Presidente Prudente pela equipe do Sesi (Serviço Social da Indústria). Também jogou basquetebol, e chegou a treinar na Apea (Associação Prudentina de Esportes Atléticos), na época da rainha Hortência. Mas a paixão pelo rádio falou mais forte. Ela migrou para essa atividade e está no ar há mais de três décadas. Nesse bate-papo, conta como foi o início no rádio, as andanças por emissoras do interior e fala com saudades de Devair Pascovichi, o Deva, que foi seu colega de trabalho em Jales, e morreu no acidente com a Chapecoense.

Como tudo começou?
Desde criança eu já ouvia rádio o tempo todo e participava de programas, ligava pra pedir músicas, e não existiam ainda as FMs por aqui, apenas emissoras AM.
Eu fazia lição de casa ouvindo rádio, dormia com radinho de pilha do lado do travesseiro, e a vitrolinha ardia e rodando os discos. Anos 80 foi quando as TVs começaram com programas de clipes e eu não perdia aos sábados o Som Pop na TV Cultura às 19h, e ali conheci muitas bandas do pop rock, foi uma escola! Na Band, tinha o Super Special apresentado pelo Emilio Surita. Quando chegaram as FMs na cidade foi a sensação!  Final dos anos 80, eu já buscava um trabalho em rádio, e foi por uma amiga chamada Eudóxia Leite a quem sou muito grata, que me deu uma mão, pois ela tinha contato com pessoal de rádio e me levou pra conhecê-los. Meu primeiro trabalho foi na 101FM, em 1988.

Você passou por várias emissoras em outras cidades. Como foi esse corre?
Fui fazer um teste numa emissora  ainda em fase experimental, a Antena1 FM e ainda sem locução, e no dia que fui acertar lá, o diretor me falou que estavam precisando de uma pessoa na Antena 1 de Araçatuba, e seu eu gostaria de ir, topei na hora, peguei ‘busão’ ali mesmo e fui pra Araçatuba sem conhecer nada. Acertei de fazer um mês durante férias do locutor local. Foi um corre lascado porque eu estava me formando em Educação Física. Saía de Prudente no ônibus às 13h, fazia horário da noite, dormia (algumas vezes na emissora mesmo), na manhã seguinte fazia horário da manhã e saía de Araçatuba às 15h, chegava em Prudente e ia direto pro Senac, onde fazia curso de radialista. No final deste ano, 1988, fui pra Antena 1 de Jales, fazia o Love Songs das 23h às 2h. Os amigos da rádio lá eram show, às 2 da manhã estavam na porta da rádio me esperando e íamos dar voltas, comer, dar risadas, e foi lá que conheci o Devair Pascovichi, o Deva, que ficou conosco um tempo em Jales. O Deva foi um grande narrador do futebol por grandes emissoras, ele estava na CNN e faleceu no acidente com  com a Chapecoense. Ele estava indo pra transmitir o jogo, foi um choque, uma tristeza. Já em 1989, fui pra rádio Cidade FM de Itu. Foi outra experiência muito boa, e onde fiquei mais tempo, lá permaneci por quase cinco anos, onde conheci muitos locutores e por ser próximo de São Paulo, muitos que saíam do Senac buscavam a rádio Cidade, inclusive o Beto Keller que é um grande nome em São Paulo e hoje está na Pan, o Fernando Alves que está na Gazeta e outros mais que estão espalhados pelo país.

Quando voltou para Prudente?
Em 1993, e fiquei alguns meses na 101 FM, mas saí porque eu ia me casar e ir para Sorocaba. No ano seguinte, eu estava de volta a Prudente, e recebi convite para fazer domingos na 98 FM pela manhã, e depois de três meses eu estava em horário das 7h às 11h, de segunda a sexta. Depois para o horário da noite, onde estou desde 2000.

Você se inspirou em alguém?
Eu ouvia muito uma locutora que eu gostava, na Joven Pan de São Paulo, a Mônica, que fazia dupla com o Surita. Eu adorava a maneira como ela fazia a locução, sem aquilo de voz melosa por ser mulher, algo natural.  

Só alegrias esses 32 anos de rádio?
Não foram só coisas legais e pessoas gentis que encontrei. Levei uns tombos na profissão também, como pode acontecer com qualquer um. Por ser mulher no meio de uma maioria masculina, tive que saber lidar com situações algumas vezes constrangedoras. Mas, no balanço geral dos 32 anos de profissão, eu confesso que tudo valeu a pena! Vinte e seis anos desses, passei na 98 FM, por todos os horários! Trabalhei com discos, fitas cassete, em Itu tínhamos a "casseteira" o mini disc, o CD. Inclusive eu também montei até cartucho, que era onde se rodavam os comerciais e algumas vezes até música. 

Qual a experiência mais legal para você, no rádio?
É quando o ouvinte diz que acompanha meu trabalho desde o começo, ou seja, eles cresceram comigo, estão aí na casa dos 40 ou 50 anos de idade e continuam na escuta. Hoje o bacana é que temos as redes sociais e podemos estar perto deles, conectados não apenas pelo rádio, também pelo WatsApp onde  o ouvinte tem acesso ao locutor. Isso jamais se pensava há 20 anos, e aliás ninguém sabia quem a gente era, ficava no imaginário das pessoas, agora estamos aí escancarado, no site e em redes sociais, próprias e da rádio.
Muitos dizem que o rádio está acabando, ouço isso há mais de dez anos. Dizem que o rádio ia perder espaço pro YouTube, ou canais de música, mas não parece que vai acabar tão cedo, olha a gente ai, ops... escuta [risos] o rádio, ainda continua sendo a companhia sim.! Mesmo que você ouça suas músicas em pastas de pen-drive, ou canais de música, o que faz a diferença é o locutor. É o locutor que te faz sentir como se tivesse alguém contigo em casa, no carro, que informa... E por outro lado o locutor também gosta do ouvinte que entra em contato, que manda a mensagem, e ainda existem os que telefonam sim! Isso foi e é importante pra quem está lá sentado diante do microfone, a nossa famosa e querida "latinha".

Como tem sido essa pandemia para você?
Essa pandemia deixou todo mundo em stand by. O rádio está sendo ainda mais amigo!  Agora cada um fazendo sua parte, vamos sair dessa, como já estamos caminhando pra um grand finale! Procuro deixar o ouvinte com gosto de quero mais, dando atenção, mostrando meu trabalho, minha programação musical, e hoje simultaneamente com a rede social, esse contato é magnífico e é uma troca de energia maravilhosa, pois isso  impulsiona meu trabalho. Sou intensa e gosto de gente ligada! Quero sempre isso tudo, esse contato direto, essa energia ! 

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Ponto final: Fale menos. Faça mais.

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