“Bacurau” – a nova face do cinema nacional

Cinemateca

COLUNA - Cinemateca

Data 19/08/2020
Horário 06:08

Cultura

Kleber Mendonça Filho e Juliano Dorneles dirigiram o filme que passeia entre vários gêneros cinematográficos e, com o intuito de criticar o sistema. Após sua estreia, a obra ganhou proporções nacionais e internacionais e, os diretores, que começaram com curtas-metragens, trouxeram a rica cultura do povo nordestino para o mundo, dando ainda mais visibilidade a obras como “Aquarius”. 

Quem nasce em Bacuru é o que?

É gente! Desde o início, vemos uma população do interior do Nordeste, que como milhares de pessoas, tem pouco acesso à saúde e educação. A trama começa com uma morte, que traz Teresa de volta ao vilarejo. A mulher nasceu e cresceu no sertão, mas foi estudar fora e retornou ao lugar de origem. Ela acaba sendo uma exceção à regra, que não é comum na narrativa do povo nordestino.

 Enredo

Logo no começo, os moradores da cidadezinha descobrem que o lugar não consta mais nos mapas e, aos poucos, percebem a ocorrência de eventos estranhos na região: estrangeiros, drones, tiroteios e cadáveres começam a aparecer. Eles descobrem que estão sendo atacados, se unem para identificar o inimigo e criar, todos juntos, uma forma de defesa.

Estranho

Quando assistir, você pode achar o roteiro estranho e até raso, mas o que não percebemos, são os novos caminhos apontados, que “quebram” as expectativas e dão novos significados ao que já foi visto antes. O telespectador se sente no escuro e, gradativamente, se vê chocado com as surpresas da trama. 

Estética

Não existe um protagonista, pois a cidade inteira se encaixa nesta categoria e, cada um tem uma função muito especifica dentro daquela situação sociopolítica. Além disso, a fotografia não é exatamente o que se vê com frequência nos festivais, pois as imagens são saturadas, sobrepostas e a montagem tem uma transição de cenas incomum, mas toda essa junção transforma a película em algo único.

Referências

A segunda metade sofre uma metamorfose completa, onde há inúmeras referências aos filmes americanos. Os novos personagens, o ritmo das cenas, relação com humor, planos maquiavélicos e soluções inesperadas entram no estilo “Trash” que tanto conhecemos. 

Final

Na terceira parte da história, tudo vira de cabeça para baixo novamente, onde se une com as duas esferas propostas anteriormente e as pontas soltas são resolvidas. Por isso, vale à pena acompanhar todo o trajeto da história que se torna metafórica e evidente quanto à situação do cenário brasileiro: uma revolta depois da opressão, com uma revolução da classe trabalhadora. O filme está disponível no Telecine Play.

 


 

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