“Cachinhos Dourados”

Tanto as fábulas, como os contos, sempre nos levam a pensar sobre uma possível lição, intenção ou mensagem. O conto “Cachinhos Dourados e os Três Ursos”, escrito em 1813 pelo historiador, escritor e poeta britânico, Robert Southey da escola do romantismo, recebeu o prêmio, como principal poema em ocasiões especiais. 
A história diz o seguinte: Era uma família de três ursos que vivia em uma cabana em meio do bosque. Era formada pelo papai urso, a mamãe ursa e seu filho, um pequeno ursinho. A mamãe ursa, todos os dias colocava o avental, preparava a comida e colocava sobre a mesa. O papai urso tinha uma tigela de mingau grandona, a tigela da mamãe ursa era um pouco menor e o bebê urso era pequena. 
A mamãe ursa encheu as tigelas com mingau quente. Foram dar uma volta, enquanto o mingau esfriava. Então, Cachinhos Dourados chegou e, não vendo ninguém na casa, entrou. Vendo o mingau, Cachinhos Dourados provou da tigela maior, que era do Papai Urso, estava muito quente. Aí provou o mingau da tigela da Mamãe Ursa, estava muito frio. Depois, provou da tigela do bebê urso. Hum! Estava uma delícia. Comeu tudo. 
Cachinhos Dourados foi sentar-se na cadeira do papai urso. Era muito alta. Depois, sentou-se na cadeira da mamãe ursa, era muito larga. Então, jogou-se na cadeira do bebê urso, que se quebrou toda. Cachinhos Dourados ficou com sono e foi deitar-se na cama do papai urso, era muito dura. Depois deitou-se da cama da mamãe ursa, achou macia demais. Então, deitou-se na cama do bebê urso, achou-a muito aconchegante. Aí, ela adormeceu. 
Os três ursos voltaram com fome. Alguém comeu o meu mingau, rosnou o papai urso. Alguém comeu o meu mingau disse a mamãe ursa. Alguém comeu o meu mingau choramingou o bebê urso. E comeu tudo. Os três ursos viram que tudo estava fora de ordem. Alguém se sentou na minha cadeira, disse papai urso. Alguém se sentou na minha cadeira, observou mamãe ursa. Alguém se sentou na minha cadeira, disse o bebê urso e completou: quebrou tudo. 
No quarto, papai urso rosnou, alguém se deitou aqui. E a mamãe ursa falou: - Alguém se deitou aqui. E o bebê urso disse: - Alguém se deitou aqui e ainda está deitada. De repente, Cachinhos Dourados acordou e viu os três ursos à sua frente. Ficou tão assustada, que saiu correndo. Nunca mais Cachinhos Dourados entrou na casa de outras pessoas sem avisar. 
O conto nos ajuda a refletir sobre o desenvolvimento e a evolução inerente a todo ser humano. Resistimos às mudanças. Encontramos obstáculos durante toda nossa trajetória. E assim, ao encontro de dificuldade e frustrações, vamos sempre em direção ao mais fácil ou cômodo. Quando não, fugimos para o sono profundo, negação, preenchimento de vazios por soluções mágicas diversas. A lição é que: Após o nascimento, há uma única de direção, seguir em frente, viver. É impossível retroceder. É preciso ir em frente no desenvolvimento, mesmo que para seguir precisamos de um momento de pausa, experimentando outros lugares até encontrar o nosso. 
Na verdade, sabemos que incertezas e dúvidas nos acompanham sempre, mas é necessário tomar decisões, mesmo que haja arrependimentos. Só aprendemos com a experiência emocional e ela é singular. Escolhemos, diante de conflitos, infantilizar e regredir para a “nossa cama” da infância. Outra lição interessante no conto é a hierarquia entre as figuras parentais. Algo tão banalizado em tempos atuais. O respeito ao lugar específico de cada componente familiar, principalmente os pais. E a presença da relação triangular especificando o Complexo Edipiano. Sempre estaremos de olho no que é do outro.
 

Publicidade

Veja também