De forma remota: artes marciais ajudam no desenvolvimento infantil

Caio é professor de caratê e judô e utiliza o método nas aulas com crianças, visando ajudá-las físico e psicologicamente durante o isolamento social

Esportes - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 21/08/2020
Horário 09:08
Cedida - Caio grava as aulas virtuais sozinho na mesma academia em que dava as presenciais 
Cedida - Caio grava as aulas virtuais sozinho na mesma academia em que dava as presenciais 

“É possível sim”, respondeu o professor de caratê e judô, Caio Felipe de Oliveira Mendonça, 21 anos, quando perguntado se é possível ensinar artes marciais para crianças de forma remota. A prova de que dá certo está na fala da manicure e maquiadora Thaciane Antonia de Souza Silva Monzani, 32 anos, mãe do Otávio, 5 anos, que vem desenvolvendo suas habilidades físicas, éticas e psicológicas com a luta durante a quarentena. “A aula remota veio para ajudar”, garante.
O método que o sensei Caio utiliza, para as mais de 200 crianças entre 3 e 8 anos que treina, é a gravação de vídeos personalizados de acordo com a faixa etária de cada uma delas. “Com a pandemia, os professores tiveram que se reinventar. O caratê e judô precisam de contato, o que poderia ser uma dificuldade para o aluno fora do tatame, mas eles têm recebido auxílio dos pais, o que tem, inclusive, fortalecido a união familiar”, afirma o carateca. 
É neste ponto que Thaciane destaca a ajuda que as aulas de artes marciais têm dado a ela e ao marido para lidar com o pequeno Otávio, que como todas as crianças, tem se entediado com o isolamento ocasionado pela quarentena. “Ele assiste a aula, com aquecimento e o ensino do golpe, ele adora porque é muito lúdica, o papai ajuda na luta e  eu ajudo na gravação do vídeo para mandar ao professor”, explica.

“O CARATÊ E JUDÔ PRECISAM DE CONTATO, O QUE PODERIA SER UMA DIFICULDADE PARA O ALUNO FORA DO TATAME, MAS ELES TÊM RECEBIDO AUXÍLIO DOS PAIS, O QUE TEM, INCLUSIVE, FORTALECIDO A UNIÃO FAMILIAR”
Caio Felipe de Oliveira Mendonça

Este é o próximo passo do método que tem sido utilizado por Caio. Depois de assistir às explicações, o aluno faz o golpe proposto por ele e envia-o em forma de vídeo para a avaliação do professor. “Mesmo que errem, percebo, pelo vídeo, que acaba sendo um momento de divertimento e risadas”, ressalta Caio. Segundo ele, é surpreendente o desenvolvimento dos alunos mesmo neste formato, tanto para os pais, que muitas vezes imaginavam que os filhos não conseguiriam acompanhar a lição. “É um exercício, também, da independência da criança”, destaca. Além disso, ele credita o sucesso ao método de utilizar elementos do dia a dia nos treinamentos, desde os tempos presenciais, como vassouras, meias, coisas que todas as crianças têm em casa. 

Desenvolvimento não pode parar

Pense o que são cinco meses para uma criança em desenvolvimento. Quantas coisas ela pode aprender? Por isso que atividades como as realizadas por Caio ganham destaque neste período de isolamento, pois permitem a continuidade do desenvolvimento da garotada. Além da evolução na motricidade, coordenação, noção de espaço, que se referem ao físico, Caio cita as artes marciais em outro âmbito, aquele que auxilia na formação ética e moral, a partir do código de conduta Bushido, literalmente “caminho do guerreiro”, utilizado tanto no caratê, quanto no judô. 
“As crianças pensam que a casa é apenas lugar de aconchego, mas agora também é de atividades. Isso dificultou um pouco o trabalho no começo, mas elas se adaptaram. É muito importante manter a rotina das crianças, e mesmo remotamente elas continuam interagindo com os colegas e com o professor”, diz Caio. 
Sobre a superação que constatou no filho, Thaciane fala: “Insisto. Quando ele não consegue na hora, falamos: ‘tente de novo!’. Cada conquista é um sorriso, ele quer mostrar ao professor que consegue!”

Fotos- Cedida
aula remota de caratê
Pai auxilia Otávio e mãe grava o vídeo para enviar ao professor 

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