Uma novela que falava dos bastidores da televisão, da vida dos atores das telenovelas e da rotina de gravações e problemas da vida artística. “Espelho Mágico” foi uma novela das 20h de 1977 de autoria de Lauro César Muniz que confundiu a cabeça dos telespectadores, pois a novela trazia atores interpretando atores que faziam uma novela dentro da novela. Assim, tínhamos um casal famoso por interpretar papéis românticos, Diogo Maia (Tarcísio Meira) e Leila Lombardi (Glória Menezes), uma jovem arrivista, disposta a tudo para fazer sucesso, Cynthia Levy (Sônia Braga), um artista de teatro de revista Carijó (Lima Duarte) com dificuldade de se adaptar à TV, uma atriz em decadência inconformada em fazer papéis coadjuvantes, Nora Pelegrini (Yoná Magalhães), uma ex-miss, Diana (Vera Fischer) lutando para se firmar na TV, uma atriz de sucesso Bruna Maria (Pepita Rodrigues) que abandona a carreira por um casamento, um jovem galã iniciando carreira, Paulo Morel (Tony Ramos) e um autor de telenovelas pressionado, Jordão Amaral (Juca de Oliveira). O elenco contava ainda com Carlos Eduardo Dolabella, Milton Moraes, Mauro Mendonça, Daniel Filho e Djenane Machado em papéis centrais. Na história, bastidores da peça de teatro “Cyrano de Bergerac”, e as gravações da novela “Coquetel de Amor”. Uma trama nunca reprisada.
“70 anos de novela brasileira”
Uma velha senhora acompanha os brasileiros todos os finais de noite em uma rotina bastante familiar: a telenovela. As histórias contadas em capítulos estrearam quase junto com a inauguração da TV no Brasil: Assis Chateaubriand inaugurou a TV Tupi em 1950 e no ano seguinte, o primeiro título já estava no ar: “Sua Vida me Pertence”, com Vida Alves e Walter Forster entrando para a história com o primeiro beijo da TV brasileira. No início, havia apenas dois ou três capítulos por semana e só a partir de 1963, com “2-5499 Ocupado” na TV Excelsior, estrelada por Tarcísio Meira e Glória Menezes, a novela passou a ser diária no formato que é conhecida até hoje. A Rede Globo surgiu em 1965 e logo embarcou na mania das novelas: sua primeira história foi “Ilusões Perdidas” com Reginaldo Farias e Leila Diniz, mas o sucesso estrondoso veio no ano seguinte com a autora Glória Magadan em “Eu Compro Essa Mulher” surgindo a primeira dupla romântica da Globo: Yoná Magalhães e Carlos Alberto. Nos primeiros anos da emissora, as novelas eram distantes da realidade e se passavam em países exóticos com duques, princesas e vilões estereotipados, mas a renovação viria em 1968 com “Beto Rockfeller”, na TV Tupi, de Bráulio Pedroso, que trouxe as tramas para a modernidade e realidade brasileiras, inspirando as demais emissoras. Janete Clair foi a Dama das Oito dessa fase, escrevendo sucessos inesquecíveis sucessivos como “Véu de Noiva” (69), “Irmãos Coragem” (70), “Selva de Pedra” (72) e “Pecado Capital” (76), dentre várias outras. Logo havia novelas nos horários das 6, 7, 8 e 10 da noite, ajudando a alavancar a escalada de sucesso da emissora nos anos 70 e 80. As cores chegaram com “O Bem Amado” em 1973, e o país parou na frente da TV com sucessos como “O Astro” (78), “Dancin Days” (78), “Guerra dos Sexos” (83), “Roque Santeiro” (85) e “Vale Tudo” (88). As décadas seguintes não reduziram o fôlego de sucesso de tramas que marcaram outras gerações como “Mulheres de Areia” (93), “A Próxima Vítima” (95), “O Rei do Gado” (96), “Senhora do Destino” (2004) e “Avenida Brasil” (2012). Que venham mais 70 anos desta verdadeira arte brasileira em que pseudo-intelectuais torcem o nariz, mas o povo aplaude de pé.
Dica da Semana
Televisão
Especial: “Novela – 70 Anos Essa Noite”:
Nesta terça-feira, dia 21/12, a Rede Globo exibe às 22h um especial em comemoração aos 70 anos da telenovela reexibindo imagens marcantes de diversas tramas e a participação especial de vários astros da TV que fizeram a história do produto, como Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Renata Sorrah, Rodrigo Lombardi, Adriana Esteves, Patrícia Pillar, Antônio Fagundes, Nívea Maria, dentre vários outros.
