“Imagens do Inconsciente” em biscuit, massinhas, telas de pintura em vários tamanhos, tacos de madeira, máscaras de gesso, isopor, folhas A4, entre outros diversos tipos de materiais originando mais de 400 obras estarão expostas na Câmara Municipal de Vereadores de Iepê, entre amanhã e quinta-feira, como parte das atividades desenvolvidas nas oficinas de arteterapia, dentro da Campanha “Janeiro Branco”, pela Secretaria Municipal de Assistência e Ação Social. Os artistas são os assistidos dos grupos do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e da Casa da Criança e do Adolescente do município, duas entidades que têm à frente o psicólogo Guilherme Monteiro, especialista em Arteterapia e Saúde Mental, pós-graduado em psicodrama.
Logo de cara, para fazer com que o leitor visualize a exposição, Guilherme explica que nas oficinas de arteterapia que originou esta exposição, ele explorou o “Pote das Emoções”, como ele costuma trabalhar com as emoções primárias: alegria, tristeza, esperança, raiva e medo. E as cores representam essas emoções: o amarelo remete à alegria; o azul, tristeza; o verde à esperança, e o vermelho ao medo.
“Só o pote das emoções que está sendo representado na cor roxa, que peguei o filme ‘Divertida Mente’, como exemplo. Mas, no restante, todas têm o objetivo de trazer o medo na cor preto. Essa intervenção foi muito, muito rica! Nesse momento, fui explicando às crianças sobre cada emoção e elas foram colocando o que mais as deixavam alegres, tristes, com raiva. E o que elas escreveram, é chocante!”, exclama o psicólogo.
O profissional exalta que cada pecinha ali exposta conta uma história carregada de emoção. E acentua que o bacana da arteterapia é esse poder de fazer com que a pessoa expresse sentimentos que estão te causando algum mal-estar, de forma mais leve.
“O bacana é que a população acaba abraçando a causa, conhecendo os serviços que a cidade oferece e, principalmente, tendo conhecimento de que não é só a psicoterapia que pode ajudar trabalhar as suas emoções, mas as oficinas de arteterapia além de proporcionar os mesmos efeitos e com mais leveza ainda possibilita a produção de uma arte incrível”, denota o profissional, que lá no início da pandemia disse que: “na arteterapia a gente encontra outros mecanismos de se expressar de uma forma não verbal. Ou seja, através das cores, das formas, da música, da dança, do teatro...”.
Guilherme menciona que o atendimento nos grupos, nas oficinas de arteterapia, é a partir dos 16 anos até a melhor idade, e a Casa da Criança e do Adolescente, de 6 a 15 anos. Durante todo o ano de 2022 tiveram encontros uma vez ao mês, o que deve seguir em 2023. Segundo ele, é válido salientar que são sete grupos no Cras e quatro na Casa da Criança, que são divididos por idade. “E a gente constrói esses momentos das oficinas para trazer realmente uma saúde mental que é essencial para termos informação de como é que a gente se sente. Por que agimos de tal forma. E a arteterapia é uma ferramenta de extrema importância e acessível a todos”, destaca o psicólogo.
Falando como profissional, dentro do que trabalha em clínica, essa ferramenta quebra aquele tabu de que psicólogo é só para doido ou pra quem precisa. As pessoas correm porque a maioria não quer falar sobre o que sente, sobre os problemas. O ser humano, por si só, quando tem alguma dificuldade, evita estar pensando sobre alguma demanda dificultosa, algum incômodo. Então, a arteterapia substitui essa verbalização e traz de uma forma um pouco mais leve um trabalho que seja feito ali a realização de uma modificação de pensamento, de emoção, através do estímulo visual, tátil, sonoro, entre outros.
SERVIÇO
Aos interessados em apreciar os trabalhos produzidos pelos “artistas” do Cras e da Casa da Criança de Iepê, os mesmos estarão expostos na Câmara Municipal de Vereadores das 9h às 11h e das 14h às 16h.
Fotos: Cedidas
Cada pecinha ali exposta conta uma história carregada de emoção
