“Muita gente vem a Prudente fazer compras, adquire cultura e faz turismo”

Yuri Reis, secretário de Cultura

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 14/09/2021
Horário 06:47
Foto: Gilmara Almeida
Yuri Reis: "A gente não consegue ver desenvolvimento econômico, cultura e turismo dissociados"
Yuri Reis: "A gente não consegue ver desenvolvimento econômico, cultura e turismo dissociados"

Para esta edição de aniversário dos 104 anos de Presidente Prudente, comemorados hoje, produzimos um material sobre o que a capital do oeste paulista tem a oferecer em termos de cultura e turismo aos seus. E o secretário da Secult (Secretaria Municipal de Cultura), Yuri Reis, não apenas aponta os locais, mas explica como um completa o outro. “A gente não consegue ver desenvolvimento econômico, cultura e turismo dissociados. Está muito ligada uma coisa à outra”, diz ele. Confira na íntegra a entrevista!

Quais são as opções de cultura e turismo na cidade? 
Quando a gente pensa em cultura, isso quer dizer em todas as linguagens artísticas, como arte visuais, artes plásticas, artesanato, teatro... Em Prudente, temos espaços que chamamos de equipamentos culturais, os quais têm uma programação com vida própria, com muita coisa acontecendo dentro deles todo o tempo, como o Centro Cultural Matarazzo, a Casa do Artesão, o Spart Cultural, o Museu e Arquivo Histórico Municipal Prefeito Antônio Sandoval Netto, o IBC Centro de Eventos onde são realizados diversos eventos, o Teatro Municipal Paulo Roberto Lisbôa e a Escola Municipal de Artes Jupyra Cunha Marcondes. E as pessoas podem seguir nossas redes sociais, por exemplo, o Instagram que é @culturaprudente, para saber tudo que acontece nesses locais, mesmo em tempos de pandemia, ou nessa transição de cada vez mais abertura.

Qual a relação entre cultura e turismo?
As atividades culturais e de turismo se confundem porque muitas vezes quando uma pessoa vem visitar a cidade, ela só passa, fica um pouco, assim como um excursionista, e vai embora, ou quando ela vem ser turista, aqueles que dormem, que pernoitam, ou seja, visita e turista são coisas distintas. É obvio que o turista vai a bares e outros atrativos que se confundem com a cultura. Por exemplo, ele vai ao Matarazzo, ao museu, à fonte luminosa que foi recentemente revitalizada, ou à Estação Ferroviária nem que seja apenas na frente dela para contemplar sua beleza. Então, as pessoas passam a utilizar esses espaços como cultura, mas também são atrativos, elas são atraídas para fazer turismo e acabam obtendo cultura. Essa é a relação que eu vejo que existe entre cultura e turismo em Presidente Prudente. 

Então turismo não é apenas praia...
Muita gente acha que turismo é só praia. Mas, não. O turismo também é de compra e estamos numa cidade que é muito forte em relação a serviços, compras e negócios. E isso também traz muitas pessoas pra cá. Assim como muitas são atraídas para a cidade para cuidar da saúde. Para explicar melhor, um item complementa o outro, por exemplo, a pessoa vem almoçar num restaurante, num bar, terminando ela vai comprar alguma coisa e depois acaba indo ao Matarazzo pra conhecer. Em nossa região, não temos nenhuma cidade parecida nesse sentido com Prudente, ela é a capital do oeste paulista. Essa pessoaque veio almoçar ainda adquiriu cultura e turismo ao mesmo tempo, porque são coisas ligadas. A gente não consegue ver desenvolvimento econômico, cultura e turismo dissociados. Está muito ligada uma coisa à outra.

Quais são os investimentos planejados e em execução no setor?
Eu sempre brinco com o prefeito Ed Thomas que estamos esse ano levando a cultura aos bairros. Acho que esse é o maior investimento que estaremos organizando, por conta do edital que a gente fez de R$ 250 mil, que é o maior da história, o Cultura e Arte por Toda Parte [mais detalhes culturapp.com.br]. Mas também temos outros investimentos com projetos paralelos para contemplar todas as “personas”, é assim mesmo que chamamos, para todos os citadinos, e sempre pensando primeiramente nos idosos e nas crianças.

Como avalia hoje a área em que atua? 
Eu diria que 2021 é o ano da gestão cuidar dos espaços e olhar para as pessoas para que elas possam utilizá-los. Estamos cuidando dos espaços que estavam um pouco deteriorados. Dando uma cara nova para se tornarem mais atrativos para a visitação, oferecendo mais conforto, acessibilidade, estamos investindo bastante nisso, falta muito, mas acredito que em quatro anos terá uma revolução, para dar mais prazer às pessoas. Hoje Prudente é muito rica em artistas de vários segmentos, o que falta mesmo é estímulo para as pessoas conhecerem e estímulo para a formação e contratação destes por meio do poder público e, claro, do poder privado. Eu avalio que hoje temos que fortalecer nossos laços com as empresas privadas, já conseguimos várias doações de brinquedos, caixas de som, instrumentos de empresas e que, feito isso, no ano que vem a gente consiga oferecer mais formação aos artistas, como dançarinos, músicos, enfim todos que trabalham com a arte para que possam elevar os seus níveis artísticos, e investir também em mediação para explicar às pessoas como consumir, curtir e entender arte. Principalmente para as crianças.

Quais os principais desafios em se fazer cultura?
Eu acredito que fazer cultura significa ouvir as pessoas. Quem produz, saber onde essas pessoas estão e dar voz à elas para que possam ter ajuda do poder público no sentido de fomentar, e dela conseguir depois se formar e caminhar sozinha. Acho que esse é o maior desafio, e obviamente como eu disse anteriormente, começar lá na base. Ou seja, desde as crianças para que elas entendam a importância da cultura. Esabemos que a cultura transforma todos os aspectos cognitivos das crianças, elas ficam mais atenciosas, mais criativas, mais focadas, disciplinadas. A música e todas as outras linguagens da cultura nos dão uma sensibilidade de, por exemplo, resolver problemas do cotidiano. E também uma noção mais crítica do que a gente vive no mundo de hoje. A gente consegue ter uma dimensão maior de tudo. A gente consegue levar a consciência das pessoas para outro patamar. Acho que esse deve ser o foco do nosso desafio. Levar cultura a quem mais precisa de transformação na vida cotidiana, cognitiva, na forma de encarar o mundo e entender que a arte dá sentido para a nossa alma.

Quais as principais conquistas até o momento? Onde temos que avançar ainda?
Exatamente estar cuidando dos espaços, ampliando os editais. E repito, a partir do ano que vem queremos formar mais artistas e investir na mediação e é nisso que devemos focar. Que significa instruir as pessoas a consumir arte. Principalmente as crianças, nos bairros, causando transformação cognitiva e de serem cidadãos que tenham maior conexão com a cidade e suas artes, porque a sua qualidade de vida aumenta. Acredito que seja nesse propósito que o prefeito e nós da Cultura temos que avançar ainda. Não é levar só cultura para os bairros, mas cultura que transforma, que torna a vida das pessoas mais ampla, com mais sentido. Mais alma!

Foto: Cristiano Rapchan

No Centro Cultural Matarazzo, estão vários equipamentos culturais com atividades de vida própria

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