Professora da rede municipal de ensino de Presidente Prudente e mãe do pequeno Pedro, 7 anos, que tem o TEA (Transtorno do Espectro Autista), nível de suporte 3, Rosangela Castro comemora a aprovação pela Câmara Municipal do Projeto de Lei 348, que estabelece a política de adoção de medidas inclusivas e de proteção ao bem-estar de estudantes com hipersensibilidade auditiva ou sobrecarga sensorial, em especial aqueles com TEA.
Mestranda em educação pela Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), a mãe atípica, cujo filho, que tem o nível mais severo do TEA, caracterizado por déficits graves na comunicação e interação social, e comportamentos restritivos/repetitivos intensos, exigindo assistência contínua e significativa para atividades diárias, aprendizado e adaptação, também estuda em uma escola da rede municipal, ela sugeriu a proposta que foi levada ao plenário pelo vereador Edgar Caldeira (União).
“Quero destacar a importância do vereador Edgar Caldeira nesse processo. O apoio dele foi fundamental para que o projeto avançasse com segurança e clareza. Além disso, ele apresentou um projeto complementar sobre a implantação de salas sensoriais nas escolas, o que fortalece ainda mais a construção de uma rede de acolhimento e inclusão”, ressalta Rosangela.
Conforme a mãe atípica, a proposta nasceu da vivência prática, tanto como genitora de uma criança com autismo quanto como professora da rede municipal. “No dia a dia, percebi como os sons intensos, os ambientes ruidosos e a falta de adaptações sensoriais causavam sofrimento para esses alunos. Então, entendemos que era urgente pensar em soluções simples, mas que realmente fizessem diferença na rotina escolar”, pontua.
Ela explica que, para muitas crianças com TEA, sons comuns como o sinal da escola ou o barulho de eventos podem ser extremamente incômodos e até dolorosos. “Isso pode gerar crises, ansiedade, irritação e até possibilidade de não conseguirem permanecer no ambiente. Por isso, pensar em adaptações sonoras não é um luxo; é uma necessidade para garantir o bem-estar e o aprendizado dessas crianças”, frisa.
“Eu me sinto muito feliz e emocionada com a aprovação do projeto. É uma conquista importante para tornar nossas escolas mais humanas e inclusivas. Saber que essas medidas vão melhorar o dia a dia das crianças com TEA é extremamente gratificante. A ideia é justamente essa, fomentar discussões a respeito”, complementa.
O PL aprovado pela Câmara recentemente tem como objetivos a promoção de um ambiente escolar mais acolhedor e inclusivo e a redução de estímulos sensoriais que possam provocar crises de ansiedade ou desconforto nos estudantes. Sendo assim, estabelece diretrizes como a adoção de critérios para a substituição de sinais sonoros tradicionais por alternativas menos impactantes, prioritariamente de caráter visual ou sonoro adaptado, nas unidades escolares da rede municipal.
Ainda prevê a disponibilização de recursos de proteção auditiva aos estudantes, sempre que houver eventos escolares que produzam ruídos intensos e previsíveis, como festividades, apresentações culturais ou semelhantes, além da garantia do direito do aluno de se retirar da sala de aula temporariamente, sempre que houver necessidade em razão de crises, irritabilidade ou cansaço diante do ambiente.
“Essas ações têm um impacto enorme. A troca dos sinais sonoros, o uso de abafadores e a possibilidade de a criança sair da sala quando estiver em crise trazem mais segurança e conforto, permitindo que ela participe melhor das atividades”, afirma Rosangela.
“E tem um ponto muito importante: o protocolo intersetorial entre educação, saúde e assistência social. Algumas crianças não fazem tratamento regularmente por questões de concepção familiar ou por falta de informação. O professor não consegue enfrentar isso sozinho, é uma responsabilidade do sistema como um todo. Com essa articulação, a escola passa a contar com uma rede de apoio que garante orientação e acompanhamento às famílias, fortalecendo o cuidado com os estudantes”, argumenta a professora.
Rosangela também é autora da crônica intitulada “Morri Várias Vezes”, publicada pela @editorahope, na antologia “O Silêncio que Ecoa em Mim”. “Nesse texto, abro meu coração e relato um pouco da luta diária de ser mãe de uma criança atípica. Essa vivência pessoal me fortalece e reafirma o meu compromisso com a causa, porque acredito profundamente e defendo, com convicção, políticas públicas de inclusão que garantam dignidade e respeito a essas crianças”, encerra a mãe atípica.
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Rosangela também é autora da crônica intitulada “Morri Várias Vezes”, publicada pela @editorahope, na antologia “O Silêncio que Ecoa em Mim”