Ó mulher!

António Montenegro Fiúza

«Ó mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!»
A mulher, florbela espanca, excerto inicial

Sorrisos encantadores e mágicos, suavidade, doçura e carinho; olhares misteriosos e convidativos; força e garra, maternidade e beleza... o tema da mulher é recorrente na poesia, na música e na literatura mundiais, retratada na pintura, na escultura, na fotografia e no cinema. Um ser etéreo, diáfano e, simultaneamente rijo, tal qual um diamante, de coração ígneo de amor e de paixão... incompreensível, indescritível, adorável.  
A história da humanidade é toda ela feita de mulheres de armas, mulheres de livros, bruxas, feiticeiras e fadas, rainhas santificadas, mães extremosas. Belas, inteligentes e marcantes mulheres, não se faz jus ao papel que elas representam e representaram desde sempre, no desenvolvimento das comunidades, na educação de reis e príncipes, de homens do povo, de heróis e de vilões.
Mulheres que ensinam, em seus lares e em seus caminhos; mulheres que cuidam, que engrandecem e que enobrecem até ao mais ilustre dos homens. Nomes pronunciados em sussurro, num murmurar de respeito e de medo, mulheres que fugiram ao expectado e fizeram o inimaginável; nomes celebrados, clamados em júbilo. Mulheres que lutaram longas e árduas batalhas, que venceram e que perderam disputas, mas que não se acanharam e nem se amedrontaram.
Trovemos sobre essas mulheres, falemos mais de Deuladeu Martins e da Padeira de Aljubarrota e esqueçamos por um momento as princesas em apuros; contemos a história de Elizabeth Reis, militar e combatente cabo-verdiana; de Dândara, capoeirista, que lutou, incessantemente, ao lado de Zumbi dos Palmares; e de Maria Quitéria, que pelejou pela independência do seu país. Do papel militar, político e estratégico que desempenharam, dos seus feitos e efeitos na história.
Falemos desses seres, movendo-se graciosamente, nos territórios mais inóspitos e menos acolhedores; desbravando terrenos, explorando territórios e quebrando barreiras. 
Uma profunda e merecida homenagem a todas as mulheres!

Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero 
Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de Jó, conserva o mesmo orgulho; e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.
Em teus olhos não quero a lágrima; não quero
Em tua boca o suave e idílico descante.
Musa impassível, Francisca Júlia da Silva, excerto inicial
 

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