Não podemos esperar que outra pessoa seja responsável pelo nosso sentimento

OPINIÃO - Daniele Bazan Botigelli

Data 05/08/2023
Horário 04:30

Conforme buscamos o crescimento e desenvolvimento, torna-se cada vez mais necessário a capacidade de lidar com outras pessoas e com todo tipo de adversidade. 
Por conta disso, é preciso se dispor do que chamamos de responsabilidade afetiva, tão solicitada nos fóruns das redes sociais, mas pouco definida e interpelada. Trata-se do ato de se responsabilizar pelo afeto e pelas expectativas que as demais pessoas criam a seu respeito, sejam elas de amor, de amizade, de coleguismo. É tratar as relações e os sentimentos com cuidado e empatia. A falta de responsabilidade afetiva faz com que as pessoas ajam sem considerar os sentimentos alheios. 
Pensando por outro lado, inúmeras vezes acionamos estímulos emocionais nas outras pessoas que sequer imaginávamos que existiam, e vice-versa, acarretando uma série de sentimentos e contato com as rachaduras do desenvolvimento psicológico. Cada pessoa tem seu gatilho emocional, bem como sua “rachadura”, decorrentes de suas particularidades e histórico pessoal, ou seja, tentar controlar toda essa função faz com que todos os ruídos emocionais fiquem fora de controle. 
Estamos de acordo que o ideal é que exista empatia nas relações, e muitas vezes realmente a falha nos é devida; nos falta ou nos faltou uma explicação, uma compreensão, um ato de cuidado. Porém, não podemos esperar ou depender que outra pessoa seja responsável pelo nosso sentimento. Enquanto adultos, é nossa a obrigação de entender e nortear o que nos sensibilizou. Não temos o controle do processo de desenvolvimento do outro. Mas temos controle sobre o que fazemos, pensamos, sentimos e esperamos. Temos o controle do que permitimos que façam conosco. Aguardar passivamente que outra pessoa se comporte da maneira que julgamos ideal significa se fragilizar e deixar direcionamentos importantes da vida ao acaso, ou nas mãos da frustração.  
Quando passamos a ser mais responsáveis conosco, ficamos mais fortes, mais responsáveis também com o outro, identificamos com maior clareza o que queremos e, sobretudo, conseguimos perceber o que o outro pode nos oferecer. Ficamos mais seguros e corajosos para ler o que está nas entrelinhas. Apenas com a aceitação e ação da nossa real responsabilidade sobre nossos comportamentos e sentimentos é que podemos nos abrir para uma visão completa sobre todas as coisas. Do mesmo modo, ficamos mais cônscios do que podemos movimentar e que qualidades de relações traremos para nós. 

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