Ônibus é incendiado em PP após morte em intervenção policial

Crime teria sido praticado como forma de protesto ao falecimento de Victor Calixto de Souza, ocorrido horas antes, em suposto confronto com a PM

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 24/01/2024
Horário 09:57
Foto: Redes sociais
Victor Calixto de Souza teria sido morto em possível confronto com a PM no bairro Nova Pacaembu 3
Victor Calixto de Souza teria sido morto em possível confronto com a PM no bairro Nova Pacaembu 3

A Polícia Civil de Presidente Prudente investiga a autoria de um incêndio a um ônibus de transporte coletivo, ocorrido na noite desta terça-feira, no terminal urbano situado na Avenida Tancredo Neves, na zona leste. O crime teria sido praticado como forma de protesto à morte de Victor Marcelo Aparecido Calixto de Souza, 23 anos, ocorrida horas antes, durante um confronto com a Polícia Militar, no bairro Nova Pacaembu 3. Uma mulher, 38 anos, foi presa depois de confessar que teria comprado o combustível utilizado para atear fogo no coletivo. Em visita à cidade, nesta quarta-feira, o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, falou sobre o ocorrido, que, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo), foi registrado como morte decorrente de intervenção policial, legítima defesa, tentativa de homicídio e incêndio. A pasta ainda frisa que a Polícia Militar acompanha o caso. A empresa Sou, que administra o serviço de transporte coletivo em Prudente, não se manifestou.
O Boletim de Ocorrência sobre o incêndio expõe que, após as chamas no veículo, “que havia sido praticamente todo consumido pelo fogo”, terem sido controladas pelo Corpo de Bombeiros, a indiciada e um adolescente foram apresentados no plantão da Delegacia Seccional. Os PMs que atenderam o caso então informaram que o motorista do coletivo afirmou que teria estacionado o ônibus para ir ao banheiro. “Ao sair, se deparou com três pessoas nas proximidades, que disseram a ele para que ficasse quieto, pois iriam atear fogo no veículo, em virtude da morte de um “colega” ali do bairro. Os indivíduos adentraram o ônibus, lançaram gasolina e atearam fogo. Logo em seguida, os autores se evadiram do local”, aponta o documento.
Já na delegacia, o motorista confirmou o relato feito aos oficiais. “Quando saiu do banheiro, percebeu a movimentação de pessoas, e viu alguns indivíduos saindo de dentro do coletivo, e que, um deles, abriu a porta traseira. Dois indivíduos vieram em sua direção, um deles empunhando um pedaço de pau. Um deles mencionou: mataram um dos nossos lá e a gente veio aqui para queimar o ônibus e, você, fica na sua”, revela o registro.
Em diligências em busca pelos envolvidos, a equipe da PM recebeu informações em um posto de combustível de que a mulher detida tinha comprado R$25 em gasolina. O Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior) confirma que o combustível comprado pela indiciada foi entregue ao irmão do jovem morto durante a tarde, em confronto com o policiamento. “Na continuidade das diligências, a Polícia Militar localizou a autora que, declarou ter, de fato, comprado a gasolina e entregue a dois maiores de idade, ambos com 21 anos, e para um adolescente, de 16 anos”, expõe.
Quanto ao adolescente conduzido ao plantão, o mesmo não foi reconhecido pelo motorista do ônibus, diferente do ocorrido com foto exibida do irmão de Souza, como um dos autores do incêndio. Sendo assim, depois de ser ouvido na presença de sua mãe, ele foi liberado. “Um inquérito policial foi instaurado e tão logo as investigações sejam concluídas, o procedimento policial será encaminhado à Justiça”, promove o Deinter-8.

O confronto
A Assessoria de Imprensa da SSP relata que, na tarde de terça-feira, Souza morreu após entrar em confronto com policiais militares. “Os PMs tinham ido a uma residência em busca de dois foragidos da Justiça. Ao ver os policiais, o suspeito atirou. Houve a intervenção, ele foi atingido e morreu no local. Na residência, foram apreendidos certa quantidade de entorpecentes, três celulares e uma quantia em dinheiro”, revela. Conforme a pasta, posteriormente, o irmão do suspeito e outros dois homens incendiaram o ônibus. “Uma mulher foi presa em flagrante após comprar um galão de gasolina e entregar aos suspeitos, que são investigados. Os locais foram periciados e as armas dos militares e do infrator encaminhadas à perícia”, explica.

Reação do governador
Em visita à Prudente nesta quarta-feira, o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, comentou sobre o caso. “Não vamos tolerar baderna. A gente vai ter aqui a ordem, pois a gente sabe que sem ordem não tem progresso. Então, por exemplo, nós tivemos aqui um cidadão que reagiu a abordagem policial, com ficha criminal, já respondeu por homicídio, etc. Não se reage a abordagem policial, não se agride a polícia. Porque a gente não quer o confronto de maneira nenhuma, mas se houver, a polícia está preparada para agir e tem todo o respaldo do Estado para isso. Então, nós tivemos aí, infelizmente, um cidadão que acabou falecendo em função de não entender isso”, declara. “E aí nós tivemos três pessoas que resolveram atear fogo no ônibus. Um menor já está apreendido. A pessoa que comprou o combustível já está presa e nós vamos prender os outros dois. Nós não vamos tolerar bagunça aqui”, finaliza em discurso.

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Crime teria sido praticado como forma de protesto ao falecimento de Victor Calixto de Souza, ocorrido horas antes, em suposto confronto com a PM

 

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Coletivo foi queimado no terminal urbano situado na Avenida Tancredo Neves, na zona leste


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Em visita à Prudente, nesta quarta-feira, governador comentou sobre o caso
 

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