“O Gabriel nos ensina muito, mais do que nós a ele”, diz  mãe de adolescente com TEA

Adriana Arruda Canholi descobriu o diagnóstico do filho aos 2 anos de idade; mas, ela já percebia alguns sinais

PRUDENTE - Cassia Motta

Data 30/04/2025
Horário 07:25
Foto: Cedida
Gabriel foi diagnosticado com TEA aos 2 anos de idade
Gabriel foi diagnosticado com TEA aos 2 anos de idade

Adriana Arruda Canholi, mãe do Gabriel, de 14 anos, com TEA, descobriu o diagnóstico do filho aos 2 anos de idade. Mas, a mãe já percebia alguns sinais. “O diagnóstico foi fechado com o neuropediatra, aos 2 anos, pois naquela época não dava diagnóstico antes dessa idade. Mas, desde bebê já havia sinais de atraso no desenvolvimento motor e cognitivo. Gabriel endureceu o pescoço com 5 meses, tinha dificuldades para mamar no peito, não engatinhou e andou com 1 ano e 9 meses”.

Adriana lembra que, após a descoberta, tudo mudou. “O chão abriu sob nossos pés. Fomos [ela e o marido] ler e entender sobre o autismo, pois não havia informações como hoje temos. Eu parei de trabalhar para cuidar do Gabriel. Entramos num processo de luto do filho idealizado para o filho que Deus havia nos confiado. O futuro se tornou totalmente incerto”.

A mãe conta que o processo de adaptação não foi nada fácil. “Nos adaptamos à nova realidade de terapias ao invés de parques de diversão. De crises sensoriais em locais públicos, e o trabalho de formiguinha para que o nosso filho se desenvolvesse. Mas, logo vieram outros diagnósticos, pois o autismo não vem sozinho: epilepsia, TDHA [Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade], TOD ]Transtorno Opositivo Desafiador], TAG [Transtorno de Ansiedade Generalizada], e novos desafios pela frente, de novo e de novo”.

Aprendizados

“O Gabriel nos ensina muito, mais do que nós a ele. Hoje, somos pais pacientes, humanos, empáticos. Aprendemos que fazemos um plano e Deus faz outro. Nada nos pertence. O autismo não tem cura, as comorbidades também não, então, precisamos ser resilientes todos os dias, com ele e conosco”, ressalta Adriana.

Preconceito

Segundo Adriana, o preconceito é algo enfrentado todos os dias. “Os olhares nos locais públicos, o desprezo das crianças que brincam na rua do meu condomínio e não incluem o Gabriel, e muitas vezes saem quando ele chega. O preconceito, inclusive, de profissionais que não colocam as mãos nele para examinar. Nas festas de aniversário dos filhos dos “amigos’, não somos convidados”.

A mãe ressalta que a pessoa com autismo entende tudo que acontece ao seu redor. “O autismo não tem cura, não é transmissível. A pessoa com TEA não tem maldade, ela quer atenção e se sentir pertencente. O autista cresce, se torna adolescente e depois adulto, precisa de maior visibilidade, atenção, políticas públicas. Não somente no mês de abril, mas precisam ser vistos durante o ano todo”.

Fotos: Cedidas


Gabriel Canholi, 14 anos


Gabriel com os pais Adriana e Sérgio

Leia mais:

Jornada do autismo: apoio, compreensão e aceitação

Publicidade

Veja também