"O Noviço"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 24/08/2021
Horário 07:08

A partir de 1975, a Rede Globo reativou o horário das 18h para as telenovelas, adaptando clássicos da literatura brasileira, e o segundo título levado ao ar, foi “O Noviço”, obra teatral de Martins Pena, adaptada para a televisão por Mário Lago. De olho na herança da viúva Florência (Isabel Ribeiro), o vigarista Ambrósio (Jorge Dória) quer logo tratar de despachar seus herdeiros, como o sobrinho de criação Carlos (Pedro Paulo Rangel), logo enviado para um convento. E a ameaça prossegue para os filhos da viúva: Emília (Maria Cristina Nunes) e Juca (Fábio Mássimo). Carlos se torna noviço, mas sem nenhuma vocação, vive a atentar os frades, a fugir do convento para namorar Emília e encontrar alguma forma de desmascarar o caça-dotes Ambrósio. Curta e simpática novela produzida em preto e branco, com apenas 20 capítulos, que se passava no século XIX. Tinha no elenco também Marilu Bueno, Haroldo de Oliveira, André Valli e Germano Filho. A próxima novela foi produzida a cores e em 80 capítulos: “Senhora”. 
    
“Velho é o outro”

Todo mundo quer viver bastante, ninguém quer morrer e, ao mesmo tempo, a grande maioria tem medo de ficar velho. Essa sensação paradoxal de temer ao mesmo tempo a morte e a velhice se baseia na visão arraigada do que é ser velho no Brasil: não é fácil não, e não tem nada de melhor idade. A velhice vem recheada de sensações indesejáveis, dores oferecidas que chegam sem avisar e sem ninguém chamar, perdas encardidas de doloridas como a viuvez e a morte de entes queridos. Desta forma, enxergamos a velhice sob as lentes do enfado, cansaço e decrepitude: uma espécie de morrer em vida. Nada disso... são momentos dolorosos, mas não são os mais costumeiros. Há muitos momentos de humor, diversão, enlevo, sossego, um dar-de-ombros para as chatices que afligiam. Lutamos para conservar uma vivacidade interior, e uma capa externa que perpetue beleza e saúde. Não é uma negação da velhice, mas sim o entendimento que podemos ter uma rejuventude desconstruída. Falem a verdade e digam quem não gosta de se comparar com seus contemporâneos, amigos da mesma idade e fuxicar para si próprio numa comparação: “Nossa, como ela está acabada”, “Somos da mesma idade e estou bem melhor”, “Vejam só, o bonitão de antigamente só está o pó. Nada como o tempo”. Quando temos 20 anos, achamos os de 40 são uns coroas, ao chegarmos aos 40 continuamos achando que temos 20 e vendo os sessentões como velhotes e quando chega a nossa vez de sexagenário, achamos que corocas são os de 80 e quem tem 20 não sabe é de nada. A ciranda do tempo. Somos todos iguais, nem piores, nem melhores, com diferenças de passados, mas com o presente igual e o futuro incerto para todos. Por que se medir pelo passado? Estamos todos vivos agora, o mundo é de todos e o tempo é agora: Não venham com a expressão: no meu tempo... (seu tempo é este também). Conserve dentro de si um pouco de criança, de jovem e de velho, porque tem coisa boa em cada fase. Não me venham com regras de que já passei da idade. Meu corpo, minha razão, meus limites, minha velhice, minha vida!

Dica da Semana

Livros

“Um dia vamos rir de tudo isso”: 
Autora: Ruth Manus. Editora Sextante. A autora é uma das mais destacadas cronistas da nova geração e o livro reúne uma série de crônicas publicas em sua coluna no Estadão e também inéditas. A autora conta com sagacidade pitoresca tópicos aleatórios da vida moderna que vão desde uma mensagem do whatsapp, a uma ligação a um salão de cabeleireiros ou discussão sobre direitos trabalhistas. 
 

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