Rico tem caminhonete Ram e come rã. Pobre não tem Ram nem rumo e acha estranho comer rã, a não ser que seja pobre com uma certa sofisticação culinária. Rico tem Mercedes-Benz. Pobre tem a dona Mercedes, sua fiel companheira (seria fiel porque torce pro Corinthians?).
Rico é chique (quando é sofisticado). Pobre tem chilique. Rico é in. Pobre é out, como diziam colunistas sociais de outros tempos. Rico viaja na primeira classe. Pobre viaja em qualquer classe e ignora o que seja luta de classes. Rico tem fazenda de seringueira. Pobre, quando muito, tem uma chacrinha sem seringueira.
Rico vai ao teatro (também quando é culto e sofisticado, é claro). Pobre vai ao circo da periferia caindo aos pedaços, onde o leão come carne de vez em quando. Rico fala várias línguas. Pobre fala portunhol e olhe lá. Rico tem filho na universidade. Pobre se mata para pôr o filho na universidade (às vezes, o garoto é aliciado para a universidade do crime).
Rico come peixes nobres, como salmão e bacalhau do Porto. Pobre come cascudo. Rico ri à toa. Pobre ri quando está "alegrinho" por causa do efeito da cachaça. Rico tem cachorro de raça. Pobre tem vira-lata e, dependendo da situação, mata cachorro a grito (aliás, tem muito patrício matando cachorro a grito e, do jeito que a coisa vai, vai matar o Totó a sussurro).
Rico tem amante. Pobre tem biscate. Rico tem boiada. Pobre tem boy(o filho caçula). Rico tem jatinho e não paga imposto. Pobre não tem nem lava jato. Rico torce para Israel na guerra contra os palestinos. Pobre não toma partido, mas admite-se a possibilidade de que possa torcer para os palestinos. No fundo - e no raso -, ricos e pobres deveriam torcer pela paz, que é o que interessa ainda mais às vésperas do Natal.
DROPS
Se a pomba da paz voar sobre a Faixa de Gaza, corre o risco de ser abatida por Israel.
Sorria, o Natal está chegando.
Era magro, mas fazia regime por causa do peso na consciência.
Os preços estão mais altos do que estação espacial.
