Vez em quando alguns pensamentos aleatórios nas redes socais me chamam a atenção e um deles, mais recentemente, me tirou até o sono.
Não lembro certinho a frase exata, mas dizia algo mais ou menos assim: “Daqui a 200 anos, pessoas que você sequer irá conhecer vão ocupar o seu posto de trabalho, a casa onde mora, os lugares que você frequenta e provavelmente sequer terão informação sobre quem você foi.”
Não é assustador? Eu acho porque toca em uma das nossas vaidades mais mentirosas, mas que amamos cultivar: a de que somos imortais e imprescindíveis neste mundo.
E piora: ao dar mais atenção a este pensamento totalmente falso e arrogante deixamos de fato de prestar atenção nas marcas mais significativas e reais que podemos deixar em nossa passagem por este mundo.
Daí fui listar aqui coisas legais que podemos fazer para que um dia você não passe em branco e tentei fugir do óbvio, que é realmente dar atenção para família, amigos, igreja, voluntariado e por aí vai e percebi que talvez isso tudo não seja tão evidente assim.
Talvez nossa individualização desmensurada nas redes sociais esteja nos desconectando de forma perigosa com laços que deveríamos manter de maneira irretocável, porque no final das contas, são os que de fato importam mesmo e ficarão para sempre na memória dos nossos.
Por exemplo, tempo com os filhos, mas com qualidade e extensão para que eles entendam de fato quem você é, de onde vieram e qual seu papel na formação deles. Quantas crianças crescem sem ter uma referência exata dos pais? Sabe a história de ser um herói ou uma heroína para eles? Sim, isso é importante. Estar em família, também. Meu filho Pedro sempre me chama para assistir “filme em família” e acho isso incrível porque faz sentido para ele estar juntos, de forma inabalável. Precisamos corresponder a esta expectativa.
Outro exemplo: quem é você na fila do pão do trabalho? Está só cumprindo hora, esperando o final de semana para escrever nos stories “Sextou” e beber até chegar segunda-feira de novo ou tem algo bom sendo feito de sua parte que irá durar muitos anos na memória corporativa?
Pecamos fortes naquilo que é mais básico e vivemos justificando nossa mediocridade em promessas de feitos homéricos, porque no fundo sabemos que nunca irão acontecer. Tive a honra em ter alguns méritos e até em fazer o que manda a cartilha: escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore. Tudo ok.
Mas se um dia contarem a minha história, que digam que fui melhor do que isso. Que digam que meu legado não está no material que um dia irá se desintegrar, mas sim pelo meu espírito incansável em ser alguém melhor todos os dias para meus filhos e aqueles que me amam de verdade.