Um dos grandes clássicos do cinema, “O Vento Será Tua Herança” (Inherit the Wind), de 1960, dirigido por Stanley Kramer, é também um dos melhores filmes de tribunal de todos os tempos. O filme recria um episódio real ocorrido em 1925 nos EUA conhecido como o Julgamento do Macaco, quando um professor de ciências é preso por ensinar as Leis Evolucionistas de Charles Darwin em sala de aula, em uma pequena comunidade onde há uma lei local impedindo de se propagar princípios científicos que contrariem as ideias bíblicas. Uma cruzada moralista e protestante se ergue na pequena cidade e o caso ganha repercussão nacional, levando ao confronto de dois advogados: um político fundamentalista radical, Brady (Fredric March) passa a ser o acusador, enquanto um advogado famoso, Drummond (Spencer Tracy), tenta estabelecer ordem ao caos e defender o professor: mostrar que não se trata de uma guerra santa entre ateus e fanáticos, mas sim, a luta pelo direito de uma pessoa pensar. Incrivelmente atual, o filme remete aos nossos tempos recentes onde política e religião se fundiram em um maniqueísmo extremado entre bem e mal, Deus e diabo, os certos e os errados.
“Solidão e solitude”
Dentre as imagens negativas sobre o envelhecimento, a solidão é um desses fantasmas que assombram o idoso. A solidão se relaciona à sensação de desamparo, de não ter com quem contar, não dividir momentos ou ideias, não conviver com outras pessoas ou semelhantes. Muitas perdas naturais da velhice podem estar relacionadas à situação de solidão: a morte de cônjuges ou entes queridos, a insuficiência familiar (ausência de descendentes ou filhos distantes), a aposentadoria e perda de papeis sociais, a falta de propostas educativas ou recreativas para a idade, as dificuldades econômicas dos idosos que favorecem a clausura e menor interação, dentre diversas outras. A solidão pode ser de diferentes tipos: a solidão livre, a autoimposta, a da diferença (não se sentir igual ou adequado aos demais), a solidão entre os outros (quando você não está inserido àquele grupo ou não há relevância da sua presença), a solidão do emigrante (o idoso que se muda para outro local, casa, instituição ou cidade), a solidão das redes sociais (a interatividade fria). Toda solidão é nociva? A solidão livre e autoimposta podem ter um fundo de necessidade de autopreservação, falta de desejo de interagir, e principalmente, existem momentos de solidão que são bastante benéficos e necessários. O conceito de solitude se refere justamente a isto: a solitude é uma ação voluntária positiva de isolamento, enquanto que a solidão vem carregada com dor, vazio e o desejo de ter contato com outras pessoas e não ter. Na solitude, é o prazer de ter momentos sozinhos, comandando as próprias ações, sem ter que dividir tudo, é fundamentalmente gostar de estar com você mesmo. Na solitude não há medo do silêncio ou de se ficar sozinho. Existe sensação de paz e tranquilidade, liberdade de aborrecimentos. A solitude é necessária para todos em doses variáveis. Todos precisam de um momento de paz, sossego, de não divisão. De não prestar contas, de não ter que ficar explicando tudo. É o momento de curtir suas próprias coisas. De fazer o que se quer ou simplesmente não fazer nada sem peso na consciência.
Dica da Semana
Livros
“Ninguém Pode com Nara Leão”:
Autor: Tom Cardoso. Editora Planeta. Biografia da famosa cantora e musa da bossa nova que partiu precocemente (1942-1989). A obra retrata sua infância, seu relacionamento com o poeta Ferreira Gullar e o casamento com o cineasta Cacá Diegues.