Pacientes oncológicos precisam de cuidado redobrado com infecções, explica infectologista

SINOMAR CALMONA

Em encontro do Grupo Amigas do Peito, Dr. Rodrigo Sala Ferro detalhou como a baixa imunidade durante o tratamento abre espaço para doenças como neutropenia febril e herpes zoster

COLUNA - Sinomar

Data 24/10/2025
Horário 05:15
O infectologista, Rodrigo Sala Ferro
O infectologista, Rodrigo Sala Ferro

Uma palestra na última quarta-feira no Hospital de Esperança trouxe um tema crucial para pacientes em tratamento oncológico: os perigos das infecções. Ministrada pelo infectologista, Dr. Rodrigo Sala Ferro, o evento, promovido pelo Grupo Amigas do Peito e pelo HE, teve como objetivo desmistificar como a doença e seus tratamentos afetam a imunidade.
Dr. Rodrigo iniciou explicando que o próprio câncer e tratamentos como quimio e radioterapia suprimem o sistema imunológico. "O principal problema que a gente vê é a neutropenia febril", disse. Ele descreveu a condição como uma queda drástica nos neutrófilos, células de defesa essenciais, tornando o corpo um alvo fácil para infecções.

O risco invisível das bactérias
Com a imunidade comprometida, bactérias comuns, como as que causam um simples resfriado em uma criança, podem se transformar em uma pneumonia grave para o paciente oncológico. "Medicina é dois mais dois igual a cinco. Aquela bactéria que, pra mim, não faria nada, pra outra pessoa, pode levar até o óbito", comparou o médico.

Herpes zoster: A dor que pode ser evitada
Um dos tópicos mais debatidos foi o herpes zoster, o popular "cobreiro". O médico esclareceu que ele é uma reativação do vírus da catapora, que fica adormecido no corpo e "acorda" quando a imunidade cai. A doença causa dor intensa e erupções na pele, podendo deixar como sequela uma dor crônica chamada neuralgia pós-herpética. "O que você vê na pele é a fumaça. A fogueira está lá embaixo", ilustrou.

Prevenção é a melhor estratégia
A palestra enfatizou a prevenção. Dr. Rodrigo citou a vacina Shingrix como a forma mais eficaz de se proteger contra o herpes zoster. Apesar de ainda não estar disponível no SUS e ter um custo alto, ele defendeu seu valor. "Vale a pena tomar. Só quem passou pela dor sabe", comentou, baseado em relatos de participantes que enfrentaram o problema.

Cuidado integral é fundamental
Por fim, o infectologista falou sobre infecções fúngicas, que surgem em casos de imunossupressão mais severa, e reforçou a importância de um olhar amplo sobre a saúde do paciente. "A gente tem que ver o contexto todo. Quem vê cara, não vê o como que tá por dentro", concluiu, incentivando a investigação de causas subjacentes para qualquer infecção de repetição.

 

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