É preciso cortar o mau pela raiz

EDITORIAL -

Data 06/06/2020
Horário 04:05

Há meses que este diário noticia a participação de menores de idade em crimes na região de Presidente Prudente. Atos infracionais análogos ao tráfico de drogas, furtos e roubos estão entre as ocorrências mais frequentes divulgadas por estas páginas. Esta é uma realidade presente não apenas nos municípios ao redor, mas, no Brasil inteiro – situação que, se não cortada pela raiz, poderá transformar o cenário para pior, uma vez que estes pequenos infratores tendem a se tornar criminosos perigosos.

E coloca perigo nisso! Cada vez mais desafiadores, os jovens enxergam na prática criminosa uma forma de ganhar dinheiro fácil sem depender dos responsáveis; sendo esta ação também uma afronta diante dos conflitos vivenciados dentro de casa e da realidade das ruas em que cresceram. O fato é que os infratores têm colocado medo no mesmo nível que os criminosos consagrados colocam na comunidade, e isso precisa ser combatido.

Na quinta-feira, Mirante do Paranapanema viveu uma situação que tirou a comunidade do sério: três adolescentes armados com faca renderam um homem dentro da própria casa. O nível de expertise dos menores é tanto que o crime foi planejado por um rapaz de 17 anos – sendo que esse não foi o primeiro assalto que o mentor levou os comparsas. Os alvos são conhecidos, geralmente aposentados, que passam a ser monitorados pelo grupo. Quando o dinheiro do benefício cai na conta, o roubo é concretizado.

Agora, fica a dúvida. Se os menores de idade têm capacidade para planejar um assalto, adquirir armamento e fazer refém, por que é que não podem sofrer consequências mais rígidas de internação? O máximo que vai acontecer com eles é que fiquem na Fundação Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) por um tempo. Se as oportunidades para a mudança não forem aproveitadas, a volta para a criminalidade é certa.

Os infratores têm conserto? A resposta é sim, como os adultos também têm. Mas a mudança precisa partir deles mesmos. Ajuda existe, cabe a eles quererem abraçar uma nova forma de viver a vida que não seja no mundo do crime. O apoio da comunidade também é importante para que eles se sintam parte dela. Porém, ela está cansada de viver à mercê dos criminosos, e não será uma tarefa fácil acolher aqueles que um dia lhe fizeram maldade.

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