Área de cultivo de soja cresce 2,5 vezes em 6 anos

Pesquisa de docente da Unoeste revela que em 2011 eram 32,5 mil hectares que aumentaram para 82,5 mil ha na 10ª RA

REGIÃO - GABRIEL BUOSI

Data 28/10/2018
Horário 04:00

O produtor de soja de Rancharia, Josemar Martins Fernandes, afirma que está no ramo desde 1984 e ressalta que o sucesso do negócio familiar foi graças à tecnologia e sua capacidade de saber lidar com o manejo do solo, como a correção com calcário e adubação com potássio, já que a região oeste do Estado não seria a mais fértil e indicada para tal cultura, conforme ele. O produtor lembra que começou com 20 ha (hectares) e hoje conta com aproximadamente 200 ha, sendo que a intenção para o próximo ano é a de expandir ainda mais. Esta não é uma realidade isolada, já que, conforme estudo do docente da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Edemar Moro, o solo do oeste paulista não é o mais indicado, na teoria, para a expansão da cultura de soja, por ser arenoso, cenário que pode ser revertido com o domínio das técnicas de produção, o que pode ter causado um aumento de 153% (2,5 vezes) do que havia das áreas para tal cultivo na 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo nos últimos seis anos, que passaram de 32,5 mil para 82,5 mil hectares.

Conforme os dados divulgados pela Unoeste, o estudo sobre crescimento na cultura da soja no oeste do Estado foi realizado pelo docente com informações geradas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) e compilados pelo Instituto de Economia Agrícola, da Embrapa. Desta forma, Edemar teria avaliado que o solo da região oeste teria a característica de ser arenoso, com baixa capacidade de retenção de água e de fertilidade natural, o que não impediu que a área de cultivo crescesse nos últimos seis anos, reflexo do que ocorre no Estado, que teve aumento de 54%. O docente lembra que o estudo regional avaliou as terras dos EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural) das cidades de Dracena, Presidente Prudente e Presidente Venceslau, com a evolução de 32,5 mil para 82,5 mil hectares.

“A contradição apontada tem explicação. O domínio das técnicas de produção neste ambiente arenoso serve de exemplo para regiões com clima e solo favoráveis. O Estado de São Paulo detém a oitava maior área destinada à cultura de soja no Brasil, mas se tratava de algo estacionado em 500 mil hectares. Área que cresceu muito nos últimos seis anos, se aproximando de 1 milhão de hectares. A vocação regional acompanha a estadual, tradicionalmente conhecida pela pecuária”, expõe a universidade. Desta forma, conforme o docente, a cada ano que passa, em hectares, a área diminui para a pecuária, que dá maior tendência ao cultivo de soja.

Adequação é investimento

O diretor da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) de Presidente Prudente, Marco Aurélio Fernandes, afirma que, de fato, o solo arenoso é menos fértil que os demais, como o argiloso, mas ressalta que é possível sim, com boas condições e bom preparo, cultivar soja. “É fato que você produz, mas também é fato que há custos, já que solos mais férteis não precisam de tanto preparo. Os arenosos, que temos na região, são mais deficientes em potássio, o que demanda o investimento em técnicas específicas para que a produtividade seja boa”, lembra.

Ainda conforme Marco, quando se fala em tecnologia, é possível mencionar os processos da integração lavoura-pecuária, quando é possível trabalhar durante todo o ano em uma terra fértil, por exemplo, com o cultivo de capim, gado e soja. “Podemos pensar por outro lado, por exemplo, com a radiação solar que no oeste paulista é muito mais intenso e uma vantagem, já que isso ajuda na produção. Os produtores precisam saber utilizar os recursos que possuem e isso está ocorrendo”.

Experiência no ramo

O produtor de Rancharia lembra ter iniciado com 20 hectares de terra em 1984, área que foi aumentando ao longo dos anos. Hoje, com 200 hectares, ele afirma que pretende no próximo ano expandir ainda mais seu espaço de produção e ressalta como é trabalhar no setor na região de Presidente Prudente. “Mesmo com o solo arenoso, o oeste paulista tem uma topografia boa, sem aquele regime de altos e baixos, que causam a erosão”. Ele lembra que utilizou a técnica da integração lavoura-pecuária. “Hoje não tem solo ruim, basta saber lidar com o manejo e corrigir as imperfeições presentes. Faço uma análise do solo todos os anos e vejo o que é necessário para garantir uma boa safra”, pontua.

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