A quantidade de adolescentes em situação de vulnerabilidade social que acabam se envolvendo em atos e práticas de violência tem aumentado nos últimos anos. Ao acompanhar as notícias e os levantamentos nacionais, a sociedade tem se perguntado quais as possibilidades e perspectivas frente aos desafios enfrentados junto aos jovens no mundo atual. Desenvolver-se em uma época de aumento de produtividade, estímulo ao individualismo e à competitividade, diminuição de relações sociais e diversas crises políticas e econômicas está ocasionando atravessamentos na vida das novas gerações.
Diante disso, nos deparamos com o aumento entre os jovens de situações como pobreza, abandono escolar, envolvimento em atos infracionais, exposição à violência, dificuldade de inserção no mercado de trabalho, entre outros. E a grande dúvida que surge é: como recuperar esses jovens? Como pensar em diferentes desfechos na vida de um grupo tão vulnerável e em pleno desenvolvimento? Como auxiliar aqueles que dizemos ser o “futuro” da nação?
Neste cenário, um dos maiores suportes que temos são os agentes sociais. E quem são eles? Todos nós que, de alguma forma, atravessamos a vida desses adolescentes com nosso trabalho. Educadores, assistentes sociais, psicólogos, conselheiros tutelares, líderes comunitários, artistas – todos que se encontram nos diferentes contextos em que esses jovens se inserem, podem desempenhar um papel importante na promoção da sua ressocialização.
Rotular os jovens que se encontram em alguma situação difícil como “irrecuperáveis” ou “casos perdidos” dificulta sua recuperação. Estudos têm demonstrado que a transformação das trajetórias de vida pode ser mais efetiva quando esses jovens encontram lugares com intervenções humanas qualificadas, éticas e acolhedoras, e é nesse espaço que os agentes sociais se tornam a ponte mais forte entre a vulnerabilidade e a possibilidade de novos percursos mais saudáveis.
Os agentes auxiliam, principalmente, na reconstrução de vínculos, sejam eles familiares, escolares ou sociais. Além disso, ao enxergar esses jovens não apenas como “mais um caso”, mas também como sujeitos de direitos, com histórias atravessadas por dificuldades, mas também potencialidades, nós fortalecemos a percepção de que toda pessoa pode se reinventar, desde que encontre apoio e oportunidade. Portanto, esperançar é uma das ações mais fortes que os agentes que trabalham com reinserção de jovens podem fazer. Acreditar que aquelas vidas, que ainda estão no seu início, podem encontrar novas formas de viver seu futuro. E dessa forma, toda a sociedade ganha, porque deixamos de criminalizar vulnerabilidades sociais e passamos a construir caminhos de inclusão e superação. Ressocializar nossos adolescentes é garantir um futuro com mais dignidade para todos e essa tarefa deve ser coletiva, começando com o fortalecimento de quem está na linha de frente: os agentes sociais. E, para isso, torna-se essencial que a sociedade valorize os profissionais que atuam arduamente na busca de construir com nossos jovens um futuro mais bonito e mais justo para todos!