Sono e segurança nas estradas brasileiras

OPINIÃO - Priscila Kalil Morelhão

Data 21/10/2025
Horário 06:00

Dirigir por longas horas sem descanso adequado é um risco não apenas para os motoristas profissionais, mas para todos que compartilham as rodovias. A privação de sono reduz os reflexos, a atenção e a capacidade de decisão, fatores que estão entre as principais causas de acidentes no Brasil. Em 2017, por exemplo, foram registrados mais de 45 mil acidentes em rodovias federais por motoristas de automóveis e mais de 20 mil acidentes envolvendo caminhões, sendo 38,5% devido à falta de atenção à condução.
A vida dos caminhoneiros é marcada por jornadas extensas, pouco tempo de descanso, dificuldade de acesso à alimentação saudável e solidão. Esses fatores aumentam o risco de doenças como hipertensão, diabetes, transtornos mentais e distúrbios de sono. Entre eles, a apneia obstrutiva do sono é uma das mais frequentes, provocando pausas na respiração durante a noite, sono fragmentado e sonolência excessiva no dia seguinte. Esse quadro potencializa o perigo nas estradas.
Outro problema é o uso de substâncias psicoativas, como anfetaminas (os conhecidos “rebites”), cocaína e maconha, empregadas por alguns motoristas para se manterem acordados. Embora possam gerar alerta momentâneo, essas drogas afetam o cérebro de forma grave, causando alterações de humor, alucinações, perda de concentração e piora da qualidade de sono. Além disso, aumentam o risco de dependência, acidentes e morte.
O chamado “adormecimento ao volante” é uma consequência direta da privação de sono e da falta de cuidados especializados. É fundamental que motoristas de caminhão, ônibus e outros veículos pesados passem por avaliações periódicas, com atenção à saúde física, mental e à qualidade de sono.
Medidas simples também fazem diferença: respeitar os períodos de descanso, evitar uso de substâncias estimulantes, manter uma rotina de sono regular e procurar tratamento especializado quando houver sinais de distúrbios de sono.
Dormir bem não é apenas questão de saúde individual, mas de segurança coletiva. Cuidar do sono dos profissionais das estradas significa reduzir acidentes, preservar vidas e garantir um futuro mais seguro para todos que circulam pelas rodovias brasileiras.

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