O ano de 2018 foi um divisor de águas na vida da secretária escolar, Naraine Gianfelice Neves, atualmente, com 26 anos. Depois de tanto lutar contra problemas de saúde relacionados à obesidade, decidiu eliminar o sobrepeso e apostou numa mudança radical na rotina. Além do bem-estar físico, o emagrecimento acompanhado por profissionais trouxe a ela resultados que refletiram diretamente na autoestima.
Em fevereiro de 2017, a moradora de Regente Feijó chegou a pesar 136 kg. Na época, já havia sido diagnosticada com pressão alta e pré-disposição a diabetes. No entanto, uma embolia pulmonar foi o estopim para que buscasse ajuda o quanto antes. “Iniciei as atividades moderadamente, com auxílio de nutricionista e professor de funcional”, explica.
Naraine lembra que no ano de 2019 foi o período em que mais perdeu peso, o que chamou a atenção de muitas pessoas. Hoje, a secretária está com 82 kg, e aprendeu a pegar gosto por uma vida mais saudável.
“Durante a obesidade, comecei e parei tratamento com nutricionista várias vezes. Mas, desta vez fiquei decidida e entendi que não precisava ter o melhor profissional ao meu lado, se a força não viesse de mim”, afirma. “Faço treinamento funcional e musculação três vezes por semana. Gosto muito de dançar, em casa mesmo, com vídeos da internet”, conta Naraine, que confessa não ter sido fácil manter a rotina na pandemia da Covid-19.
Para não se expor aos riscos, readaptou a atividade física para dentro do lar.
“Teve dias que fiquei um pouco desmotivada, às vezes quero largar tudo e somente descansar. Mas entendo que é um processo, e sei que se voltar a engordar, não vai ficar nada melhor”, explica. “Tento manter essa disciplina, entre atividade física e alimentação. Não deixo de comer um doce, por exemplo, e no dia que não estou bem para levantar peso, opto por uma corrida ou caminhada. Cheguei num ponto em que consigo ser mais maleável, e não tão fissurada quanto antes”.
No dia 4 de março foi lembrado o Dia Mundial da Obesidade, que chama a atenção para o tema. Em outubro do ano passado, uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) mostrou que a proporção de obesos na população com 20 anos ou mais de idade mais que dobrou no país entre 2003 e 2019, passando de 12,2% para 26,8%. Nesse período, a obesidade feminina subiu de 14,5% para 30,2%, enquanto a obesidade masculina passou de 9,6% para 22,8%.
A amostragem da pesquisa envolveu 108 mil domicílios no Brasil. Outro dado mostra que, em 2019, uma em cada quatro pessoas de 18 anos ou mais anos de idade no Brasil estava obesa, o equivalente a 41 milhões de pessoas. Já o excesso de peso atingia 60,3% da população de 18 anos ou mais de idade, o que corresponde a 96 milhões de pessoas, sendo 62,6% das mulheres e 57,5% dos homens. A prevalência de excesso de peso aumenta com a idade e ultrapassa os 50% na faixa etária de 25 a 39 anos de idade. Nessa faixa etária, a proporção de sobrepeso é um pouco mais elevada no sexo masculino (58,3%) do que no feminino (57,0%). No entanto, nos demais grupos etários, os percentuais de excesso de peso eram maiores entre as mulheres.
É considerado como excesso de peso o IMC (Índice de Massa Corporal) maior do que 25. A pessoa obesa tem IMC maior do que 30. O IMC é calculado pelo peso em quilograma dividido pelo quadrado da altura em metro. De acordo com a responsável pela pesquisa, a técnica do IBGE, Flávia Vinhaes, para melhorar esse cenário, é preciso ampliar as políticas voltadas para a prevenção e combate à obesidade.
“Faltam políticas públicas estruturadas de combate à obesidade e ao excesso de peso, como o incentivo à ingestão de alimentos saudáveis e à prática esportiva”, avalia.
Foto: Cedida - Secretária é adepta a exercícios físicos
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