"Virtude Selvagem"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 14/06/2022
Horário 07:00

Um clássico atemporal produzido em 1946 e que foi exaustivamente exibido na televisão até há algumas décadas, “Virtude Selvagem” (“The Yearling”) foi dirigido por Clarence Brown para os estúdios Metro-Goldwyn-Mayer. Um garotinho (Claude Jarman Jr) vive solitário numa fazenda do interior com os pais (Gregory Peck e Jane Wyman) e pede a eles para ter um pequeno cervo como animal de estimação. A amizade entre a criança e o bichinho é ameaçada quando o mesmo cresce e seus instintos selvagens começam a se demonstrar na plantação da família. O filme foi um dos campeões de bilheteria do ano produzido em coloridíssimo Technicolor, revelando o talento do garoto Claude Jarman Jr. que não teve o mesmo sucesso quando adulto.   

“As velhas crianças”

De verdade: você tem saudade da sua infância? Não especificamente apenas sua, mas da infância de antigamente? Quem tem acima de 50 anos hoje consegue constatar como foi diferente ser criança lá nos anos 60, 70 e até 80. Tanta diversão gratuita e sem sofrimento. Chuva era sinônimo de diversão. Tomar banho de chuva (éramos mais fortes, tínhamos imunidades mais poderosas?), brincar na enxurrada, deitar na sarjeta para sentir aquela água passando (nem parecia tão suja assim). Andar de bicicleta e sentir a água batendo forte no rosto, balançar os galhos das árvores para a água vir poderosa em cima da gente, fazer barquinhos de papel para observar eles indo embora com a força da enxurrada ou simplesmente correr atrás do chinelo na correnteza. Uma folha de papel já era suficiente para uma infinidade de brincadeiras: além dos barquinhos, viravam chapéu, serviam de palco para os desenhos infantis, para as brincadeiras de stop (homem, mulher, fruta, animal, carro, cidade... éramos tão incorretos que até marca de cigarro era item para se lembrar). Uma latinha com água, um talo de mamona ou de mamão e sabão em pó viravam uma fábrica de bolinhas e uma farra divertida com direito a competições e muita água ensaboada engolida. Nas ruas de terra, ou nos terrenos baldios com montes de areia era impossível voltar para casa limpo. Tudo virava brinquedo: pneu, latinha de massa de tomate, jornal, corda. Eram brincadeiras físicas, feitas no improviso, sem custo (não tinha cama elástica, piscina de bolinhas e instrutor) que eram apendidas entre si, de uma criança para outra: Mamãe-da-rua, balança-caixão, pular sela, esconde-esconde, trepa-trepa, lenço-atrás, cobra-cega, morto-vivo, passa-anel. Quando ia se ficando maiorzinho ainda se brincava e era a vez de jogar bétis, caçar girino nos brejinhos e fundos-de-vale, confeccionar a própria pipa e carrinho de rolimã e fazer o próprio estilingue com forquilha e seringa. Todo mundo furava o pé com prego, arrancava a tampa do dedão, arranhava o joelho e quebrava um braço brincando (com direito a todo mundo assinar no gesso). Como a infância ficou diferente. Não é nostalgia melancólica, é saudade gostosa de um tempo de felicidade bem mais barata. 

Dica da Semana

Filmes 

Filmes antigos sobre animais de estimação:
Além de “Virtude Selvagem”, os anos 40 ficaram marcados por uma série de filmes baseados em animais de estimação de extremo sucesso perante o público. “Lassie, A Força do Coração” (1943) com a então garota Elizabeth Taylor e Roddy McDowall sobre a rough collie Lassie que daria origem a mais oito longas-metragens nas décadas de 40-50 e uma famosa série de TV; “A Mocidade é Assim Mesmo” (“National Velvelt”, 1944), com Mickey Rooney e Elizabeth Taylor e um cavalo de corridas; “O Vale da Ternura” (“The Red Pony”), de 1949 com Myrna Loy e Robert Mitchum em uma aventura com um pônei vermelho.
 

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