“Votos brancos e nulos afetam o pleito”, diz sociólogo 

Heitor Ribeiro destaca alto número de abstenções na região; na 10ª RA, Junqueirópolis foi a que contabilizou mais votos nulos para presidente da República, com 3,37% do total

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 03/10/2022
Horário 19:25
Foto: Antonio Augusto/TSE
Nulos e brancos: eleitor insatisfeito não acredita no poder do voto como poder de mudança
Nulos e brancos: eleitor insatisfeito não acredita no poder do voto como poder de mudança

 

Das 53 cidades que compõem a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, Junqueirópolis foi a que contabilizou mais votos nulos para presidente da República, neste domingo de eleição. Dos 13.922 votantes aptos a elegerem o próximo governante do país, dentre os concorrentes ao cargo, 364, ou seja, 3,37% preferiram anular o seu voto. Já Pracinha foi o município que somou mais votos em branco. Dos seus 1.360 eleitores, 32 (2,91%) optaram por não fazer nenhuma escolha. “Votos brancos e nulos afetam o pleito, a quantidade de brancos e nulos poderiam mudar totalmente o resultado da eleição. Mas, caíram nesta. Nas duas eleições anteriores chegaram em quase 10% e neste ano praticamente 4%”, expõe sociólogo Heitor Ribeiro , que também é professor e historiador.
Contudo, ele destaca que esta é uma região com alto índice de abstenções. “Nas eleições de 2018 chegaram em 20%, nas municipais em 32% e agora em torno de 25% em Presidente Prudente, o que acaba tendo números parecidos [refletidos] na região. Estas sim seguem muito altas em um cenário que aparentava que haveria uma redução nestes números”, frisa o sociólogo.
Segundo o chefe de cartório Fabiano de Lima Segala, na 101ª ZE (Zona Eleitoral), foram 22.054 abstenções. Conforme a chefe de cartório Letícia Macoratti de Castilho, na 402ª ZE foram 24 mil.
Heitor explica que nulos e brancos revelam que o eleitor está insatisfeito e não acredita no voto como poder de mudança. “A abstenção é ainda mais reveladora neste sentido, porque a pessoa não quer nem saber de ir votar, prefere deixar que decidam por ela, porque acredita que nada mudará”, acentua o historiador.

“Desacreditar é pior ainda"

De acordo com o sociólogo, a abstenção é pior, porque a descrença é ruim para a dinâmica social. Se toda a sociedade se acomoda na ideia de que não fará diferença, isso é ruim. “Ruim para o jogo democrático e para a ‘corda do poder’, que num Estado democrático de direito sempre deve ficar tensionada pelas diferentes forças políticas e sociais. Se a sociedade se acomoda, há problemas a serem enfrentados naquela sociedade”, ressalta o especialista.

ÍNDICE DE ABSTENÇÕES EM MUNICÍPIOS REGIONAIS

Municípios

Eleitorado

Votos Válidos

Votos Nulos

Votos Brancos

Adamantina

27.727

19.663

514 (2,49%)

465 (2,25%)

Alfredo Marcondes

4.059

3.055

64 (2,03%)

41 (1,29%)

Álvares Machado

19.242

14.069

394 (2,67%)

306 (2,07%)

Anhumas

3.412

2.563

60 (2,26%)

36 (1,35%)

Caiabú

3.314

2.674

51 (1,85%)

33 (1,20%)

Caiuá

3.947

2.848

70 (2,38%)

26 (0,88%)

Dracena

35.437

25.574

559 (2,11%)

420 (1,58%)

Emilianópolis

2.735

2.089

26 (1,21%)

29 (1,36%)

Estrela do Norte

2.566

1.946

37 (1,84%)

27 (1,34%)

Euclides da Cunha Paulista

7.123

4.625

128 (2,66%)

51 (1,07%)

Flora Rica

1.589

1.115

17 (1,48%)

13 (1,14%)

Flórida Paulista

8.076

5.886

149 (2,42%)

125 (2,03%)

Iepê

6.351

4.810

92 (1,85%)

58 (1,17%)

Indiana

3.948

3.177

67 (2,03%)

59 (1,78%)

Inúbia Paulista

3.039

2.386

72 (2,88%)

45 (1,79%)

Irapuru

5.041

3.541

98 (2,63%)

92 (2,46%)

*Junqueirópolis*

13.922

10.232

364  (3,37%)

216 (1,99%)

Lucélia

13.581

9.931

294 (2,82%)

207 (1,98%)

Marabá Paulista

3.104

2.232

66 (2,84%)

25 (1,08%)

Mariápolis

3.060

2.286

55 (2,29%)

65 (2,70%)

Martinópolis

17.960

13.847

327 (2,27%)

226 (1,57%)

Mirante do Paranapanema

13.268

9.612

179 (1,80%)

128 (1,30%)

Monte Castelo

3.494

2.721

54 (1,93%)

29 (1,03%)

Nantes

2.333

1.726

18 (1,02%)

18 (1,02%)

Narandiba

4.464

3.443

62 (1,75%)

45 (1,26%)

Nova Guataporanga

1.988

1.431

49 (3,26%)

23 (1,53%)

Osvaldo Cruz

24.768

17.253

500 (2,76%)

380 (2,09%)

Ouro Verde

6.146

4.527

116 (2,46%)

75 (1,59%)

Pacaembu

8.643

5.931

159 (2,56%)

114 (1,84%)

Panorama

10.791

7.912

243 (2,92%)

157 (1,89%)

Pauliceia

5.958

4.342

124 (2,73%)

72 (1,59%)

Piquerobi

2.968

2.288

65 (2,72%)

34 (1,43%)

Pirapozinho

21.216

15.229

395 (2,48%)

279 (1,76%)

*Pracinha*

1.360

1.051

19 (1,72%)

32 (2,91%)

Presidente Bernardes

11.231

7.869

147 (1,80%)

149 (1,83%)

Presidente Epitácio

32.095

21.656

628 (2,76%)

442 (1,95%)

Presidente Prudente

180.860

129.714

3.052 (2,26%)

2.365 (1,75%)

Presidente Venceslau

29.020

20.397

584 (2,74%)

360 (1,68%)

Rancharia

24.544

17.307

427 (2,36%)

373 (2,06%)

Regente Feijó

15.278

11.906

311 (2,50%)

208 (1,68%)

Ribeirão dos Índios

1.882

1.441

45 (2,95%))

38 (2,50%)

Rosana

15.383

9.940

224 (2,17%)

140 (1,36%)

Sagres

2.097

1.544

51 (3,15%)

25 (1,54%)

Salmourão

4.045

2.989

61 (1,97%)

53 (1,70%)

Sandovalina

3.503

2.556

43 (1,64%)

24 (0,91%)

Santa Mercedes

2.743

1.900

46 (2,33%)

29 (1,47%)

Santo Anastácio

15.310

11.357

366 (3,06%)

235 (1,97%)

Santo Expedito

2.766

2.062

62 (2,88%)

26 (1,21%)

São João do Pau-d'Alho

2.025

1.568

34 (2,10%)

17 (1,05%)

Taciba

4.955

4.043

67 (1,61%)

41 (0,99%)

Tarabai

5.614

4.052

138 (3,25%)

53 (1,25%)

Teodoro Sampaio

18.342

12.788

269 (2,03%)

176 (1,33%)

Tupi Paulista

11.460

8.368

227 (2,60%)

123 (1,41%)

 

 

 

 

 

Fonte: TSE

Foto: Cedida


Heitor Ribeiro é professor, historiador e sociólogo

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