Em Presidente Prudente, 12% das crianças descobrem que possuem algum grau de deficiência visual ao ingressarem na escola. Os sintomas são percebidos quando os pequenos apresentam dificuldades para enxergar as atividades na lousa, forçam as vistas para alguma leitura de perto, preferem sentar na frente para visualizar as tarefas, ou apresentam frequentes dores de cabeça.
Segundo Leonardo Castilho, médico oftalmologista, qualquer uma destas queixas das crianças deve ser considerada. "Entre os diagnósticos mais comuns, o primeiro é a hipermetropia, que é dificuldade de ver de perto. Exemplos clássicos são atividades com apostila ou caderno. Neste momento, eles forçam as vistas para enxergar, e enxergam, no final, mas acabam com dor de cabeça", comenta.
Segundo o profissional, a hipermetropia, se tratada cedo, não passará de uma deficiência leve. Nestes casos, o mais recomendado é o "óculos de descanso", com lentes de baixo grau, entre 0,25 e 0,5 grau. "Quanto mais cedo tratar, maiores serão as chances de corrigir a deficiência. O ideal é que isso ocorra até os 7 anos, pois nosso desenvolvimento visual termina nesta fase", completa.
Outro oftalmologista Cláudio Vieira, também relata que a miopia – quando vê objetos de perto com nitidez e de longe embaçados, e o astigmatismo – quando os objetos de perto ou longe ficam distorcidos – são outros casos bem comuns, entre os três mais diagnosticados em crianças. "O ideal seria que todos fossem submetidos ao teste do olhinho ao nascer, para identificar eventuais deficiências, e uma avaliação anual em um especialista", orienta.
Vieira diz ainda que o estrabismo é um dos grandes sinais de que o pequeno não enxerga direito. "A criança não vê tão bem com um dos olhos e força o outro para enxergar. Neste momento, o globo ocular passa a entortar e o pequeno vai aposentando o olhinho torto", esclarece.
Escola
Atenta aos casos, que já são corriqueiros nas escolas, a Seduc (Secretaria Municipal de Educação), responsável pelas escolas de educação infantil e boa parte das escolas de ensino fundamental (ciclo 1), realiza a acuidade visual em seus estudantes. A pasta trabalha com dois projetos: o Projeto Saúde Visual do Escolar, que funciona em parceria com a Faculdade de Medicina da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista); e o Programa Saúde na Escola (PSE), em conjunto com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
De acordo com Selma Martin, educadora de saúde da Seduc, todas as crianças de 1º ano da rede municipal passam por teste de acuidade visual durante o ano. Em 2015, serão atendidos alunos de 44 salas de aulas de 15 unidades, com aproximadamente 35 alunos, cada sala, perfazendo um total de 1.540 estudantes.
Outras escolas e outras séries são atendias pelo PSE. "Os alunos também passam por este teste. Neste ano, ainda não temos a previsão de quais serão as escolas, mas provavelmente mil alunos serão atendidos com o mesmo teste, totalizando 2.540, aproximadamente", relata Martin.
A educadora informa que a Seduc já chegou a diagnosticar uma criança com sete graus de miopia, "e os pais não sabiam". "Nas escolas, o índice de deficiência visual é em torno de 10% a 12%", reafirma.
A pasta da Educação ainda encaminha as crianças que apresentam problemas para os médicos oftalmologistas da rede básica e ao Banco de Olhos. "Para este último, encaminhamos os casos mais graves, por ser mais rápido o atendimento", destaca.
Martin explica que as acuidades são feitas dentro de um cronograma no início do ano, com a data prevista do contato com a direção da escola, que agenda o dia para ser feito o exame. "Já este é realizado pelos alunos do 4º ano do curso de Medicina, sob supervisão da médica e professora Elza Utino. Este trabalho tem se demonstrado de muita utilidade. Sem este apoio, provavelmente, os pequenos não teriam uma boa aprendizagem e teriam dificuldades em outros aspectos", afirma.
Sérgio Luiz Cordeiro de Andrade, secretário municipal de Saúde, comenta que o PSE, além da acuidade visual, afere a pressão dos alunos e trabalha com controle de obesidade. "Também verificamos a pressão e o peso das crianças. Caso o peso apresente irregularidades para o tamanho e a idade, também fazemos o devido acompanhamento pelo serviço municipal de saúde", conclui.