2023, à beira do precipício!

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 10/12/2022
Horário 05:00

O governo eleito, durante a campanha, prometeu renegociar as dívidas de milhares de pessoas, aumentar o Bolsa Família e o salário mínimo acima da inflação. 
Como cumprir as promessas de campanha sem ter dinheiro para isto? Resta endividar-se ainda mais ou em outras palavras: furar o teto de gastos! A curto prazo, bilhões de reais entrarão em circulação na economia, algo que parece positivo no primeiro momento. Porém, não é bem assim! Mais dinheiro circulando significa mais pessoas dispostas a gastar: empresas passam a ver oportunidade ou a necessidade de aumentar seus preços, por consequência gera-se inflação e mais uma rodada de juros altos na tentativa de segurar os preços. O ideal mesmo é quando o dinheiro vem por força da produção e geração de empregos. Afinal, do que adianta mais dinheiro em circulação, se esse perder o valor antes mesmo do próximo pagamento chegar? Do que adianta juros cada vez mais altos se os investidores perderem a confiança no Brasil?
A estratégia do futuro governo é arriscada. Gastar mais do que se ganha nos leva “à beira do precipício” e os passos seguintes devem ser calculados com muito cuidado. 
Para ilustrar a situação, vamos imaginar que sua casa dependesse da renda da família e também de empréstimos! No mínimo, os juros destes precisariam ser pagos para manter a confiança dos credores (banco, operadora de cartão, o parente que emprestou dinheiro). O compromisso de gastar apenas dentro daquilo que se ganha seria uma forma de deixar todos mais seguros, por isso, quebrar tal compromisso deixaria aqueles que emprestaram dinheiro desconfiados. Alguns não emprestariam mais e outros exigiriam pagamento maior em juros. Logo, o aumento de juros perderia o efeito esperado, até que nem as contas da casa e nem os juros prometidos aos investidores seriam honrados. Como já aconteceu com Grécia, Argentina, Equador e o Brasil em 1987 com o governo Sarney, onde a inflação chegava a 235% aa.
Portanto, caso se confirme o quadro inflacionário para 2023, o cuidado do brasileiro com o dinheiro deve ser redobrado, gastando com cautela e tomando cuidado com os investimentos: aqueles que têm rendimentos maiores que a inflação devem receber atenção. Aquela compra do supermercado para o mês volta a ser recomendável e os comerciantes devem considerar estocar mais mercadorias. 
Se “furar o teto” for algo inevitável, que seja feito com responsabilidade, e que os privilégios como os altos salários e gastos da máquina pública, sejam incluídos neste pacote também. Só assim para - quem sabe - sairmos da “beira do precipício” e voltarmos para um lugar mais seguro.
 

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