30% dos que procuram a UPA deveriam recorrer às Unidades Básica de Saúde

Situações de menor complexidade têm comprometido os trabalhos na localidade, voltada às urgências e emergências

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 25/02/2017
Horário 09:10
 

Alvo de reclamações envolvendo demora nos atendimentos médicos, a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) do Conjunto Habitacional Ana Jacinta, em Presidente Prudente, tem tido sua atuação prejudicada por pacientes que não se enquadram no público que deve receber atenção no local. Isso porque, desde que o pronto-socorro do HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo passou a atender somente as urgências e emergências de maneira referenciada, os casos de munícipes em situação de alta complexidade passaram a ser acolhidos pela UPA. Porém, o local, que promove cerca de 10 mil atendimentos mensais, ou 330 diários, tem chegado a registrar mais de 430 pacientes por dia. Segundo a diretora de saúde do Ciop (Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista) - administrador do local, Juliana Garcia, pelo menos 30% das pessoas que passam pelo local se tratam de pacientes considerados "não urgentes" na classificação de risco.

Jornal O Imparcial Responsáveis pela unidade de pronto-atendimento explicam prioridades de atendimento

O diretor clínico da UPA, Caio Lima, explica que, para proporcionar um melhor atendimento, os munícipes que procuram o local passam por uma classificação de risco e são divididos por cores. A vermelha vale para os casos de emergência. A laranja envolve as ocorrências de "muita urgência". Amarela é para pacientes que precisam de avaliação. Verde para os casos de "pouca urgência". Por fim, a azul é para as pessoas em situação "não urgente", ou seja, de menor complexidade e sem problemas recentes. "O ideal para a UPA é prestar os atendimentos de pacientes das cores vermelha e amarela. Já o restante pode ser perfeitamente atendido em qualquer UBS ou ESF ", destaca.

Responsável técnica de enfermagem, Silvia Oliveira, conta que, por conta da alta demanda de pacientes azuis, os procedimentos na unidade têm contabilizado atraso, o que tem sido sentido principalmente por este grupo, que pode chegar a esperar mais de duas horas, já que os doentes de maior gravidade têm prioridade no atendimento. "A população não vê o paciente vermelho ou laranja entrar, porque estes vêm de ambulância, por exemplo, e o acesso é pela lateral. Fora os pacientes em estado crítico, em observação ou na sala de emergência, que fazemos o acompanhamento", comenta Caio. "Assim, reclamam da demora, mas não veem a situação que enfrentamos do lado de dentro. A UPA não pode ser vista como o ‘postão de saúde’, ela é direcionada aos casos de urgência e emergência", frisa o diretor clínico.

Juliana explica que o tempo máximo de permanência de um paciente na unidade é de 24 horas, que é o período de estabilização. Após esse prazo, a pessoa é encaminhada para o HR, tratamento domiciliar, ou outros procedimentos, dependendo do caso.

 

Demanda regional


A diretora de saúde do Ciop relata que, embora a UPA seja municipal, a unidade tem sido procurada por moradores de outros municípios da região, os quais devem buscar o HR. Ressalta que estas pessoas que residem em outras cidades são atendidas na unidade quando relacionadas a casos de urgência e emergência, bem como quando trabalham em Prudente.

O diretor clínico da UPA ainda esclarece que, nos casos que envolvem pediatria, ginecologia e obstetrícia, estas especialidades também podem ser procuradas no HR, pois não precisam de encaminhamento do pronto-atendimento, garantindo assim um atendimento mais rápido a este público.

 

Visita frequente


Na manhã de quinta-feira, Evelyn Rosa Mendonça Moura, 22 anos, aguardava na ala de observação infantil a febre do filho, Augusto, de 1 ano e 10 meses, baixar. Conta que sempre que tem algum problema, procura a unidade, já que fica perto de sua casa e presta um serviço considerado bom. "Quando precisei operar da apendicite, vim aqui várias vezes e nada. Foi quando um dos médicos identificou o que era e me atendeu muito bem", relata. "Gosto daqui, pois quando era o hospital 24 horas, era um aperto. Já hoje é aconchegante. Às vezes demora, mas às vezes, não. Depende do dia e da classificação de risco que eles explicaram", diz.

Ary José Dalberllo, 79 anos, esperava o resultado do raio-X do braço da filha Giovana, 10 anos, que sofreu uma batida em casa. "Moramos aqui no Jardim Santa Fé e sempre que precisamos procuramos a UPA, não pela proximidade, mas pelo atendimento, que é nota 10", comenta.

 

SAIBA MAIS

O diretor executivo do Ciop, Valter Luis Martins, explica que, mensalmente, é realizada uma avaliação do trabalho desenvolvido na UPA, uma espécie de ouvidoria interna. Por meio de um formulário, pacientes classificam o atendimento no local e podem dar sugestões, elogios e fazer reclamações. O resultado é apresentado a toda a equipe, formada por 98 funcionários, sendo 35 do corpo clínico.

 

CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

Vermelho – Emergência – Neste caso, o paciente necessita de atendimento imediato;

Laranja – Muito urgente – O paciente necessita de atendimento o mais prontamente possível;

Amarelo – O paciente precisa de avaliação. Não é considerada uma emergência, portanto, já possui condições clínicas para aguardar;

Verde – Pouco urgente – É o caso menos grave, que exige atendimento médico, mas pode ser assistido no consultório médico ambulatoriamente;

Azul – Não urgente – É o caso de menos complexidade e sem problemas recentes. Este paciente deve ser acompanhado no consultório médico ambulatoriamente.

 
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