60 anos da nossa faculdade pública

OPINIÃO - Mauro Bragato

Data 26/05/2019
Horário 08:10

Eu já me graduava em Ciências Sociais quando nascia a Unesp (Universidade Estadual Paulista) em 1976. O meu curso, praticamente extinto com a criação da universidade, formava – e bem – naquele período, os últimos alunos pela Faculdade de Filosofia de Presidente Prudente, que integrava o grupo de institutos isolados estaduais. Agora, com o aniversário de 60 anos da FCT/Unesp, marco de uma nova era e pioneirismo no ensino superior no oeste paulista, revejo esse período e do espelho da memória me saltam boas recordações.

Comecei o curso em 1973, em plena ditadura. Período de muito trabalho, com bons professores, classe heterogênea, mas todo mundo focado no estudo, no trabalho e também na política. Pouca coisa se podia fazer, mas com a criação do Cineclube conseguimos desenvolver intensas atividades culturais e políticas, com sessões em cinema da cidade aos sábados à noite. De bônus ainda havia debates e uma renovação do Diretório Acadêmico – livre é bom dizer. Apesar do duro período do general Geisel, o trabalho cultural e estudantil crescia, assim como a satisfação de ver a nossa escola sempre como referência para a cidade e para a região. No exterior, temos algumas universidades, como Oxford por exemplo, que são sinônimos da própria cidade, que cresce em torno do mundo universitário.

Desde a minha saída não rompi o laço umbilical com a Unesp, muito embora em muitos momentos não faltasse vontade de fazê-lo. Já na Assembleia Legislativa, em 1978, fiz parte do grupo de deputados progressistas que queriam fortalecer a instituição e a unidade, expandindo o ensino para o interior, ajudando a tornar sólida esta instituição tão importante para o Estado de São Paulo.

Hoje, mais do que nunca, trabalho nesse sentido de fortalecimento não só da Unesp como das outras universidades, das escolas estaduais e do ensino técnico. Sou membro das Comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação e de Educação e Cultura e acompanho todas as movimentações e necessidades das universidades e escolas paulistas.

Colaborei na estadualização de cursos como também atuei junto com todos que aprovaram a mensagem do então governador Orestes Quércia, enviada à Assembleia para dar autonomia administrativa e financeira das universidades, um marco nacional.

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp, campus de Presidente Prudente, é considerada como uma das unidades com o maior número de projetos e bolsas de extensão universitária. No ano de 2015 a instituição teve 100 projetos aprovados. É uma pujante instituição, com mais de 200 servidores, que fará aniversário no dia 3 de maio. Oferece oportunidades de intercâmbio nacional e internacional, com oportunidade de frequentar os mesmos cursos em universidades de outros países.

Enfim, este é um breve relato de quem viveu e vive a história da universidade. Espero que esse resgate de minhas memórias sirva para entender o que estamos passando hoje e alertar para descaminhos que possam ser apontados no futuro.

E é um pouco do que recordo, muito pouco mesmo em relação a tudo que vivi – que não caberia em poucas linhas. Para terminar quero agradecer e dar parabéns à diretoria atual, a todos os diretores e servidores que prestaram serviço nestes longos anos. Apesar dos percalços: Vida longa à nossa Unesp!!!

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