79% querem volta do regime seriado

Todavia, salienta que as necessidades dos professores são trazidas à coordenação pedagógica da Seduc, pelos orientadores e por levantamentos.

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 01/04/2015
Horário 08:27
 

Uma pesquisa realizada com 34 professores de quatro escolas do ensino municipal (1º ao 5º ano) de Presidente Prudente constatou que 79% dos profissionais desejam o retorno do regime seriado, em lugar do regime de progressão continuada, método utilizado atualmente. O pesquisador da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), Sérgio Eduardo Gomes da Silva, pontua que o estudo - que resultou em sua dissertação de mestrado "Quinze anos de progressão continuada: A percepção dos professores" - teve como objetivo compreender como os docentes da rede municipal de educação de Presidente Prudente entendiam o regime após mais de uma década de sua implantação, em 1999.

Foram aplicados dois questionários que permitiram traçar o perfil dos professores participantes, e, por meio dos resultados, Silva concluiu que "eles possuem uma percepção negativa acerca da progressão continuada e que as ações de formação continuada não suprem as necessidades docentes para atuar neste modelo de escola pública".

Conforme o pesquisador, são três os tipos de regimes de ensino abordados na pesquisa: o seriado, em que se divide os anos letivos em séries, e no final pode-se reprovar o aluno por desempenho insuficiente; o regime de ciclos, com o agrupamento de dois ou mais anos escolares, e a reprova ocorre apenas ao final do ciclo; e o regime de progressão continuada, que busca garantir que o aluno avance de um ano para o outro, sem prever reprova.

O estudo constatou que esses profissionais, hoje atuantes na rede de ensino, "não entenderam" a proposta do regime. Segundo Silva, 79% dos entrevistados acreditaram que a progressão continuada é a mesma coisa do que aprovação automática, "o que demonstra a confusão sobre o assunto". Os entrevistados relataram que, em suas concepções, a qualidade do ensino foi prejudicada com a implantação da progressão continuada, pois ocasionou a falta de responsabilização do aluno por seus resultados e responsabilização total do professor, que, por sua vez, não recebe do município a formação necessária para atuar no novo regime.

Todavia, de acordo com Silva, a ideia da progressão é de que haja responsabilização de todos os envolvidos no processo: a ação do sistema de ensino oferecendo condições de trabalho para que uma possível reorganização ocorra e a participação da família, que deve fazer com que o sistema funcione. Esse regime deve contar com todos os esforços necessários para promover a aprendizagem, inclusive, suporte extra-curricular.

"Os professores veem a reprovação como uma nova oportunidade, e isso é um confronto com o que a teoria diz, pois ela entende que a reprovação atua mais de forma negativa sobre o psicológico dos indivíduos do que de forma positiva. Reprovar não é um direito do aluno ou do professor, mas a consequência de uma falha no processo de aprendizagem", afirma o pesquisador.  Silva salienta ainda que não se pode responsabilizar uma criança de seis anos de idade por dificuldades na aprendizagem, mas que deve ocorrer uma capacitação dos adultos envolvidos no processo para buscar soluções para as deficiências encontradas.

 

Seduc


A Seduc (Secretaria Municipal de Educação), por sua vez, ressalta que "das 31 escolas da rede pública municipal de ensino foram entrevistadas apenas quatro, o que equivale a 12,9% do total". "Dos 425 professores, foram entrevistados somente 34, equivalente a 8% da rede, refletindo, evidentemente, a opinião de uma minoria dos profissionais em questão". Todavia, salienta que as necessidades dos professores são trazidas à coordenação pedagógica da Seduc, pelos orientadores e por levantamentos.

A pasta informa também que oferece cursos de formação continuada aos profissionais, que ocorrem semanalmente, em um período de quatro horas com os professores, e quinzenalmente com os orientadores pedagógicos, seguindo cronograma de formação continuada previsto para o ano em curso. "Além disso, são oferecidos cursos na modalidade EAD, nas instâncias municipal, estadual e federal, aos profissionais da rede", acrescenta.

 
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