A importância da doação de órgãos

OPINIÃO - Wilson Kunze

Data 23/12/2023
Horário 05:00

Hoje vou falar sobre um assunto diferente do que costumo abordar neste espaço, mas que é relevante e enfrenta resistência por parte de muitas pessoas, talvez por entenderem que nunca vai acontecer com elas. No Brasil são mais de 65.000 pessoas aguardando na fila de transplante de órgãos e esperando o momento de receberem o “sim” de uma família para a doação de órgãos. 
Meu único irmão, que é o Elson Kunze, enfrentou por mais de 20 anos uma doença cardíaca grave e só conseguiu ampliar o seu tempo de vida entre nós, após conseguir fazer um transplante de coração em abril de 2023 porque uma família autorizou a doação do coração de um familiar que faleceu em um acidente. Infelizmente o tempo de vida do Elson após o transplante foi de apenas um ano e sete meses, pois ele acabou falecendo no dia 14 de novembro de 2023, mas muitas pessoas vivem décadas após o transplante.  
O transplante é indicado para portadores de doenças graves que não respondem aos tratamentos convencionais com medicamentos ou outras cirurgias. Todos os dias pessoas são incluídas nessa fila, enquanto algumas pessoas deixam a lista, algumas recebem doações, ganhando a chance de uma nova vida, enquanto outras não têm mais tempo para esperar. Em média dez pessoas morrem por dia por não conseguirem uma doação compatível.
Em vida é possível doar um dos rins, parte do fígado ou dos pulmões, mas apenas entre doador e receptor da mesma família. Casos excepcionais requerem autorização judicial para comprovar algum tipo de vínculo. Quando a doação é proveniente de doador falecido, no Brasil é utilizado o modelo de doação consentida, ou seja, independentemente de qualquer registro deixado em vida, segundo a lei vigente, é sempre a família que autorizará, ou não, a doação dos órgãos ou tecidos. E esse é um dos maiores entraves para um maior número de doadores, pois mais de 40% das possíveis doações são negadas pela família. 
A maior parte dessas negativas é pelo simples fato das famílias desconhecerem a vontade do doador, pois não há essa conversa em vida. A cada recusa, até oito pessoas deixam de ser salvas com a doação de um órgão, e mais de uma dezena deixam de ser beneficiadas com a doação de tecidos. Infelizmente muitas lendas e mitos ainda permeiam o imaginário popular, e órgãos que poderiam salvar vidas estão apodrecendo debaixo de sete palmos de terra ou simplesmente virando fumaça e cinzas.
Por isso é importante a conscientização de um maior número de pessoas de que ser um doador de órgãos é seguro. Temos o maior sistema público de transplantes do mundo (via SUS) e o controle da fila é rígido e extremamente controlado e fiscalizado. Você se declarar um doador de órgãos não causa nenhum risco à sua vida, e a única coisa que você precisa fazer é avisar a sua família. 
Salve vidas! 

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