Como construir uma casa num alicerce sólido, os estímulos promovidos numa criança em desenvolvimento irão fazer toda a diferença em seu futuro. Parece estranho, mas estes estímulos devem ocorrer no mínimo a partir do sexto mês de gestação, onde as sinapses (região responsável por realizar a comunicação entre dois ou mais neurônios) entre os neurônios passam a se intensificar.
Estima-se que nascemos com mais de 100 bilhões de células nervosas, as quais aos poucos irão se conectando, formando caminhos (sinapses) conforme os estímulos recebidos. Calcula-se que entre o 6º mês de gestação até os 2 anos de idade, a formação das sinapses pode chegar entre 600 a 800 por segundo, variando de acordo com o estímulo recebido pela criança.
Desta forma, quanto mais estímulos recebidos pela criança nesta fase, maior será o número de células nervosas ativas, o que influenciará inclusive no tamanho do cérebro. As diferenças entre crianças estimuladas e não estimuladas serão nítidas no futuro, e já reveladas logo nos primeiros dias de aula.
Portanto, nos dois primeiros anos de vida de uma criança, é crucial que seja devidamente estimulada pelos pais/responsáveis em todos os sentidos. É nesse período que as crianças terão os seus primeiros contatos com sons, cores, cheiros, temperaturas, sensações dos espaços físicos e o domínio de seus movimentos (locomoção). Também irão aprender a se comunicar, sendo inclusive recomendável o ensino de mais de uma língua estrangeira.
A formação de sinapses ainda continua, mas em linha decrescente até o fim da adolescência. As que se formam nos seis primeiros anos, notadamente as construídas nos dois primeiros, perduram por mais tempo ao longo de sua vida. Daí a importância de valorizarmos o que chamamos de primeira infância, correspondente ao período que vai desde a concepção do bebê, sua gestação, até os 6 anos de idade, revelando um período fundamental para o desenvolvimento de qualquer pessoa, cujas experiências desse período serão levadas à efeito para o resto da vida.
Infelizmente, o inverso também é verdadeiro. Crianças que são vítimas de violência ou vivem em ambientes hostis ou tóxicos, ou ainda, foram poucas estimuladas, seguramente também levarão pelo resto de suas vidas, os reflexos negativos dos traumas sofridos ou da ausência de estímulos.
Destarte, é dever da família, da sociedade e do Estado garantir que a primeira infância de todas as crianças seja tutelada em seu duplo sentido, não só as protegendo de qualquer tipo de violência ou omissão, mas, sobretudo, de lhes assegurar o seu pleno desenvolvimento nessa fase tão relevante de sua vida, para que tenham a verdadeira aprendizagem de alicerce.
