A linguagem corporal e sua importância nas escolas

OPINIÃO - Marcos Akira Mizusaki

Data 16/02/2022
Horário 05:00

A linguagem corporal consiste no conjunto de todas as expressões do corpo ligadas à comunicação interpessoal. Desse modo, além da língua falada, as pessoas também se comunicam com o corpo, através de gestos, expressões faciais, posturas, entre outros sinais emitidos fisicamente dentro do processo de comunicação. 
A grande diferença entre a linguagem falada da linguagem corporal é que esta última não mente, muitas vezes se contrapondo à comunicação verbal. Aliás, ela é muito utilizada em vários países nas investigações por ocasião dos depoimentos de testemunhas ou de pessoas investigadas. Estima-se que aproximadamente 65% da comunicação humana esteja ligada à linguagem corporal. 
Portanto, em qualquer ambiente coletivo, incluindo-se as escolas, a comunicação não verbal também é constante e de extrema relevância, de modo que servidores e professores devem estar atentos, pois muitos menores podem estar pedindo por socorro, não através de palavras, mas com sua comunicação corporal. A propósito, quanto menor a criança, maior é a probabilidade do uso da linguagem corporal.  
O olhar distante, semblante de tristeza, isolamento, agressividade, sexualidade aflorada, automutilações, desenhos de cunhos sexuais, envolvimentos em brigas, dificuldades de concentração ou aprendizado, fugas, medo de lugares ou pessoas, falta de higienização corporal, ou até sinais de agressões físicas pelo corpo, são exemplos de sinais de que esse menor esteja sofrendo algum tipo de violência ou abandono no ambiente familiar, presumindo-se que se encontre em situação de risco. 
Estima-se que em torno de 45 mil crianças por ano sofrem violências sexuais no Brasil. O pior é que mais de 80% dos casos ocorreram no ambiente familiar. Quanto às agressões físicas e psicológicas, os registros chegam em média de 233 ocorrências diárias em todo o Brasil, sendo também a maioria dentro de casa. Portanto, a escola é um dos principais ambientes em que crianças e adolescentes buscam por socorro, sendo certo que muitas vezes o seu pedido jamais virá por palavras, mas sim com sua linguagem corporal. 
A identificação de qualquer criança ou adolescente em situação de risco, a comunicação do Conselho Tutelar deve ser imediata, órgão competente para apurar e aplicar medidas pertinentes para a tutela de seus direitos eventualmente violados destes menores/vítimas. 
Portanto, todas as pessoas que lidam com criança e adolescente (incluindo-se pais e responsáveis) devem sempre se atentar à linguagem corporal dos mesmos, para que a atuação protetiva seja o mais precoce possível, aplicando-se à espécie o princípio da prevenção, evitando-se que seus gritos corporais de socorro jamais passem despercebidos. 

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