A praça não é nossa

OPINIÃO - Renato Mungo

Data 17/08/2021
Horário 04:30

Sob o aspecto (diga-se, verdadeiro) de melhorias em nossas rodovias, principalmente paulistas, há alguns anos proliferam as novas praças de pedágio. Cada dia mais, rodovias têm sua concessão entregue à iniciativa privada.
Em nossa região, tivemos semana passada mais “praças” inauguradas no mesmo dia: na Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (km 623 da SP-294), em Pacaembu, e Santa Mercedes (km 670 da SP-294). Outras cinco iniciaram o serviço no mês passado, sendo duas na Rodovia Assis Chateaubriand (SP-425), km 400+100, em Martinópolis; e km 436, em Indiana; uma na Rodovia Prefeito Homero Severo Lins (SP-284), km 531+200, em Rancharia; e duas na João Ribeiro de Barros (SP-294), km 581+700, em Inúbia Paulista; e km 551+500 em Parapuã.
O argumento é de que as respectivas favorecem a arrecadação do ISS (Imposto Sobre Serviços) para os municípios, considerando que o repasse é feito proporcionalmente à extensão das rodovias sob concessão que atravessam a localidade.
Em 1º de julho, as tarifas de pedágios da região de Presidente Prudente tiveram 8,05% de reajuste, baseado na inflação pelo indicador econômico IPCA entre junho de 2020 e maio de 2021. Lembrando que muitos motoristas paulistas já estão pagando R$ 6 o litro da gasolina em algumas regiões, de acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O IPL (Índice de Preços Ticket Log) revela que o preço médio da gasolina no país subiu 2,28% em julho em comparação a junho.
Em termos efetivos, até o momento, os maiores “investimentos” do Estado na região têm sido pedágios e presídios, ambos disputados (de forma velada ou não) por prefeitos. O projeto Pontal 2030, programa de desenvolvimento para região, hoje, de suma importância, tem andado a passos lentos, e ainda não apresentou à população um cronograma dos sonhados investimentos.  
Mais pedágios significam menos concorrência com outras regiões produtivas, ou seja, custo mais alto no transporte tanto na compra como para venda de produtos. Para termos uma ideia, de Prudente a Porto de Santos, por exemplo, são 15 “praças”.
Uma importante alternativa seria, sem dúvida, o transporte ferroviário, porém encontra-se sucateado e abandonado, e agora estamos à mercê das fronteiras fechadas com pedágios caros, praticamente sem opção. Nas palavras de Winston Churchill, “Não é suficiente que façamos o nosso melhor; às vezes temos que fazer o que é preciso”.
Há muito, nossa região é relegada como produtiva, mas boas políticas de governo devem ser cobradas na correção das situações desiguais vigentes, e certamente mais praças de pedágio não passam pelo esperado. A sociedade está atenda e deve exigir resultado de políticas públicas.
 

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