A sentença da gentileza

Persio Isaac

CRÔNICA - Persio Isaac

Data 05/09/2025
Horário 08:09

Ele não era um juiz comum. Não empunhava a lei como uma espada, mas a manejava como um bisturi, buscando a verdade por trás do ato. O juiz Frank Caprio não julgava apenas os fatos, mas o coração dos envolvidos. Sua toga não era um manto de autoridade, mas o uniforme de um homem de fé, que via em cada réu uma história, uma falha, uma dor.
Seus tribunais não eram salões de medo, mas palcos de redenção. Com um sorriso nos lábios e a sabedoria nos olhos, ele ouvia a todos, do motorista multado à criança que implorava por misericórdia para o pai. O martelo não batia para punir, mas para educar. Ele trocava a frieza dos vereditos por lições de vida, e o escárnio por lágrimas de alívio. Era a justiça sendo humana, a lei sendo compassiva.
O respeito que ele conquistou não foi através de sentenças severas, mas através de sua coragem em ser, simplesmente, um homem bom. Sua fé, que o acompanhou por toda a vida, era o alicerce de sua compaixão. E seu casamento de 60 anos, uma prova de que a lealdade e o amor são a base de qualquer julgamento justo.
Ele nos mostrou que é possível ter força sem ser cruel, autoridade sem ser arrogante. Ele não era um juiz de leis, era um juiz de pessoas. E seu legado não é apenas um punhado de sentenças, mas a prova de que a justiça, quando feita com o coração, pode ser a maior força de cura que existe. Um homem que transmitia sentimentos de esperança e fé. Assim ele saiu desse mundo deixando esse legado. "A lei é feita pela autoridade e poder. A sentença é feita pela virtude do juiz", disse o filósofo inglês, John Locke. Frank Caprio conseguiu ser um juiz virtuoso, plantando sementes de bom senso, decência e humanidade nos frios tribunais.
 

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