A solidariedade e a virtude da fé

Diocese Informa

COLUNA - Diocese Informa

Data 06/09/2020
Horário 05:00

Na primeira Audiência Pública desde o início da pandemia – quarta-feira, 2 – (a última com presença de público foi em 27 de fevereiro), Francisco demonstrava alegria pelo reencontro com os fiéis, que tiveram a oportunidade de acessar o local entrando pela Porta de Bronze. Algo inédito até então. Logo ao descer do automóvel sob aplausos, o santo padre, mantendo o distanciamento social, conversou com vários fiéis que se aglomeravam junto às divisórias, usando máscaras. Não na Biblioteca do Palácio Apostólico como vinha sendo realizada desde março devido à pandemia, mas no Pátio São Dâmaso, que costuma testemunhar o juramento dos novos recrutas da Guarda Suíça e a chegada de presidentes acompanhados de suas delegações. Foi grande a alegria do reencontro.

Um dos momentos tocantes deste reencontro, foi quando um sacerdote libanês lhe apresentou uma bandeira do país dos Cedros. Ele segurou-a, beijou-a, fazendo uma oração pelo país abalado pela explosão no porto de Beirute e por uma grave crise político-econômica. “Depois de tantos meses retomamos nosso encontro face a face, e não ‘tela a tela’, mas face a face”, disse o papa com alegria ao iniciar sua catequese, sendo aplaudido pelos presentes. E foi a eles – e a quem o acompanhava pelos meios de comunicação – que o Pontífice dedicou a quinta catequese da série “Curar o mundo”, intitulada “A solidariedade e a virtude da fé”. Segue um resumo da catequese papal.

A pandemia atual evidenciou a nossa mútua interdependência de modo que, para sairmos melhores desta crise, é preciso que o façamos juntos, movidos pela solidariedade. O princípio da solidariedade é mais do que uma mera disponibilidade a ajudar os outros; tem seu fundamento no fato de que a família humana tem uma origem comum em Deus, todos moramos na casa comum e todos temos um destino comum em Cristo. Na Bíblia, há duas passagens muito elucidativas a este respeito: a Torre de Babel e a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes. No primeiro caso, a busca por alcançar o céu ignorando os laços com os seres humanos, com a criação e com Deus leva à ruína e à divisão, gerando desigualdades que enfraquecem o tecido social e deterioram o meio-ambiente. Já o Pentecostes, mostra-nos que é a descida do Espírito Santo que leva a comunidade a abrir as portas do Cenáculo e sair, criando harmonia. Na verdade, é a solidariedade guiada pela fé que nos permite traduzir o amor de Deus na nossa cultura globalizada, não construindo torres ou muros que dividem e caem, mas inspirando-nos numa unidade na diversidade e na solidariedade. Oferece-nos também os anticorpos da diversidade solidária, impedindo que a singularidade de cada um se perverta em individualismo egoísta e animando-nos a gerar novas formas de fraternidade fecunda e de solidariedade universal.

Ao final, “dirijo uma cordial saudação aos fiéis de língua portuguesa, convidando a nunca vos cansardes de invocar o Espírito Santo, artífice da unidade da Igreja e entre os homens, para que nos ajude a buscar sempre o diálogo com todas as pessoas de boa vontade, para construirmos um mundo de paz e solidariedade. Que Deus vos abençoe a vós e a vossos entes queridos!”

 

Liturgia

23º Domingo Comum

Leituras: Ezequiel 33,7-9; Salmo 94/95; Romanos 13,8-10; Mateus 18,15-20

I.- Antífona de entrada: Vós sois justo, Senhor, e justa é a vossa sentença; tratai o vosso servo segundo a vossa misericórdia. (Sl 118,137.124). Aclamação ao evangelho: O Senhor reconciliou o mundo em Cristo, confiando-nos sua palavra; a palavra da reconciliação, a palavra que hoje, aqui, nos salva (2 Cor 5,19).

II.- A CORREÇÃO FRATERNA. Como Igreja, formamos uma comunidade ao redor de Cristo e por isso somos todos membros uns dos outros. Amamo-nos uns aos outros, aceitamo-nos e servimo-nos uns aos outros, ao ponto de nos corrigirmos uns aos outros quando erramos. Se minhas irmãs, essas pessoas são também objeto da minha preocupação. Peçamos ao Senhor para tenhamos disposição e coragem, e nossos irmãos e nós aceitemos a ajuda oferecida para libertar-nos.

III.- Leituras: 1) Guardião dos irmãos. Como o vigia está sempre alerta para avistar o inimigo, assim o profeta deve avisar ao seu povo contra o mal e cada cristão deve advertir o seu próximo. 2) O amor é a síntese de todos os mandamentos. Amem-se uns aos outros como vocês se amam a si mesmos. Se fazem isso, diz São Paulo, cumprem a lei, pois o amor é o motivo e o espírito de todos os mandamentos. 3) Ajudar os que erram. O sentido cristão de responsabilidade de uns para com os outros exige que, com firmeza e amor, ajudemos os que erram. Se uma pessoa não tem êxito nesse processo, a comunidade seja a ajudadora, pois a Igreja deveria ser um lugar de reconciliação.

IV.- Oração: Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos e filhas, concedei aos que creem em Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

V.- Para o caminho: No nosso caminho para Deus, a correção fraterna é fundamental. Infelizmente, não costumamos gostar de ser corrigidos. A tentação maior é a de, sob o pretexto de correção, criticarmos e prejulgarmos os irmãos. Durante esta semana, aumentemos nosso contato com a Palavra de Deus para que ela purifique nosso amor fraterno. “A caridade é o pleno cumprimento da lei!”

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