A utopia da ferrovia

A reativação da ferrovia ainda é uma utopia para a população de Presidente Prudente. A cidade que nasceu acompanhando o trilho, hoje, sofre com o desperdício da inutilização do trecho modal. O alerta, que é feito pela UEPP (União das Entidades de Presidente Prudente e região), cobra providências concretas da concessionária ALL (América Latina Logística) Malha Paulista S.A., controlada atualmente pela concessionária Rumo.

O fomento não traria de volta apenas benefícios para o município, mas também para o trecho, que inclui 104 quilômetros entre Prudente e Presidente Epitácio, além de retomar a operação comercial, considerado essencial para o escoamento de grãos para os portos de Santos e Paranaguá, Paraná.

O que já era inequívoco, mas acendeu o sinal de atenção para reflexão do grave problema da logística nacional, foi repercutido com a paralisação dos caminhoneiros. Afinal, a problemática não é uma exclusividade nossa. Com milhares de caminhões carregados parados ao longo das rodovias, ficou evidente que devemos nos precaver ao monopólio em relação ao transporte de carga, e o que sua falta reflete no transporte público.

A ação judicial que começou em 2001 e os descumprimentos com o MPF (Ministério Público Federal), a concessionária recebe atualmente multa diária de R$ 30 mil, com atualização mensal baseada no IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor) e já cerca o patamar dos R$ 120 milhões. Em vista da responsabilidade que a concessionária tem pela manutenção da via permanente e pela segurança das operações em toda a malha arrendada, a Rumo não vem cumprindo com suas obrigações e alega que a região modal de Prudente não tem demanda e interesse econômico; com isso, pede a devolução da área, requer que as multas previstas pela falta de cumprimento do contrato sejam “substituídas” por investimentos na malha ferroviária em outras regiões. Seu pedido beira uma pura brincadeira com nossa região!

Não obstante, em 2016, a Rumo apresentou à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) o estudo que prevê investimentos de aproximadamente R$ 5 bilhões, solicitando prorrogação da concessão por 30 anos. Entretanto, apenas à malha paulista e à linha tronco oeste, que liga Itirapina a Panorama, excluindo a região de Prudente, pertencente à malha Sul, que corta Rubião Júnior a Epitácio.

Mediante incansáveis tratativas, comprova-se que a falta de manutenção e a interrupção no tráfego comercial resulta numa linha férrea sucateada e um cenário propício para ocupações irregulares, esconderijo para usuários de drogas e descarte indevido de entulho. A Rumo/ALL deve uma satisfação à nossa região, pois deu causa exclusiva ao abandono que hodiernamente temos. Não é crível que deseje repassar aos usuários os custos da recuperação dos trilhos, mediante proposta abusiva de preços ao patamar de R$ 182 por tonelada transportada. Basta de arrogância!

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