Ação policial prende vereador em Pirapozinho

Operação da Polícia Civil percorreu ontem 9 imóveis de políticos para a investigação de suposta compra de votos neste pleito

REGIÃO - VICTOR RODRIGUES

Data 07/10/2016
Horário 11:26

 


Autorizada pela Justiça Eleitoral e acompanhada pelo Ministério Público Eleitoral, a Polícia Civil de Pirapozinho realizou buscas em nove imóveis - desde residências a estabelecimentos comerciais - dos políticos acusados de suposta compra de votos, e denunciados por supostamente terem entregado camisas vermelhas aos eleitores no domingo, durante as eleições municipais. As vestimentas foram localizadas em vários locais.

De acordo com o delegado Marcelo Costantini, todos são da chapa do prefeito reeleito Orlando Padovan (DEM). Durante a ação, o vereador Cícero Alves Maia (PRP), não reeleito, foi detido em seu bar por porte ilegal de arma e contrabando de cigarros paraguaios sem a nota fiscal. Cícero é dono do bar há 27 anos. Tasmbém em seu estabelecimento foram encontradas 25 peças iguais às vestidas pelas pessoas no domingo.

Jornal O Imparcial Camisetas foram encontradas nas casas de candidatos

Ainda durante as fiscalizações, na casa do atual vereador e vice-prefeito eleito da nova chapa de Padovan, Antônio Carlos Colnago (PSB), foram encontradas camisetas idênticas às demais, embaladas, novas e sem uso.

A reportagem tentou entrar em contato com Antonio Carlos no decorrer da tarde de ontem, assim como tentou uma posição do advogado de Cícero sobre seu caso, mas, até o fechamento desta edição, nenhum dos dois foram encontrados.

"Desde a madrugada de domingo recebemos denúncias de que havia distribuição de camisetas e bebidas alcoólicas por parte de candidatos, e passamos a fazer monitoramento. Constatamos, na data das eleições, muitas pessoas com camisetas alusivas a determinado grupo político em diversos locais da cidade", relata o delegado.

 

Ação dos candidatos

Marcelo diz que alguns desses indivíduos causaram tumulto e foram conduzidos à delegacia, onde as camisetas foram apreendidas. "Com isso, foi-se constatando que todas elas eram idênticas", diz. Prosseguindo nas diligências, a polícia identificou diversos eleitores que foram aliciados por meio de pessoas que trabalhavam para os candidatos, e também, em alguns casos, pelos próprios candidatos, diretamente. Conforme a polícia, eleitores, em geral de baixa renda e escolaridade, eram procurados e ofertava-se uma quantia em dinheiro e a camiseta alusiva à chapa. "Nesta condição, eles deveriam votar nos candidatos indicados, usar a camiseta no dia da eleição e andar pela cidade com ela, e, em caso de vitória dos candidatos, o valor inicialmente ofertado seria dobrado". "Ainda aproveitando a simplicidade dos eleitores aliciados, anotavam o número do título de eleitor, RG e CPF deles, e diziam que com isso saberiam em quem tinham votado. Caso não votassem neles, não receberiam a quantia prometida. Portanto, sempre é importante a orientação no sentido de que o voto é secreto", destaca.

Foram identificados diversos eleitores que confirmaram a venda do voto. Eles foram ouvidos e apresentaram as camisetas. Em um dos casos, o eleitor entregou a quantia recebida em espécie para apreensão. Também foram obtidas fotografias da distribuição de bebidas alcoólicas, em que as pessoas trajavam camisetas e faziam referência ao número de determinado grupo político.

Nas buscas foi confirmado o que havia sido apurado, e, além das peças, localizaram diversas listas com nomes de eleitores, anotações dos que já tinham recebido e para os quais ainda faltava fazer o pagamento. Algumas que não tinham sido distribuídas, comprovando-se que a distribuição partiu dos próprios candidatos.

"Por enquanto, ninguém foi detido por conta das camisetas. O caso foi outro. Mas diligências prosseguirão com a análise das diversas provas obtidas", expõe a autoridade.

 

"Consciência tranquila"

O prefeito reeleito, Orlando Padovan, diz em nota, por meio de sua Assessoria de Imprensa, que não tomou o conhecimento oficial sobre a operação, porém, garante que está com a "consciência tranquila". "Posso garantir que não comprei votos e não autorizei ninguém a comprar. Nossa campanha foi limpa, feita com transparência, baseada no plano de governo e na administração que eu já vinha fazendo", defende-se.

Ainda conforme o prefeito, não houve a compra de camisetas pelo o seu partido. "Não comprei camisetas e não autorizei pessoas a comprarem, até porque eu sei que isso é ilegal. Eu realizei um trabalho limpo, paguei as dívidas da Prefeitura, realizei obras e fui reconhecido pela população. Por isso, fui reeleito", pontua. 

 
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