Adoção de pets vai além do carinho: exige cuidados e responsabilidade

OPINIÃO - Stephanie Fonseca

Data 18/06/2025
Horário 05:00

Há algumas semanas, uma lesão avermelhada no cotovelo do Charlie, nosso pastor-australiano, acendeu um sinal de alerta. Em poucas horas, o braço dele inchou, um corte se abriu e infeccionou. Foi tudo muito rápido. Desde o primeiro sinal, mantive contato constante com a médica veterinária, Thais Angeloni, que acompanha nosso “ursão” com muito cuidado e atenção.
A condição virou uma batalha de cuidados, dúvidas e emoção. Foram diversos exames, pesquisas e até a suspeita de tumor. Até que veio o diagnóstico: higroma.
De acordo com o projeto Ambassador Programme, da Improve Veterinary Education, o higroma cotovelar é uma cavidade preenchida por fluido e envolta por tecido fibroso que se forma no cotovelo, geralmente em razão da pressão constante sobre superfícies duras. Por ser uma área de muito movimento e contato, a recuperação tende a ser lenta e exige cuidados redobrados. Embora mais frequente em cães de grande porte, a condição também pode afetar animais menores.
Nossa rotina virou uma mistura de remédios, curativos, imagens fortes, odores desagradáveis e muita conversa. Dormi mal, chorei com medo de ser câncer — e chorei de alívio quando descobrimos que não era. Durante dias, acordei de madrugada para dar medicação e segui — e ainda sigo — monitorando cada progresso.
A “novela” do Charlie me fez refletir: como algumas pessoas conseguem ignorar a dor dos seus pets? Como suportam vê-los feridos, com fome ou sede, e nada fazem? Como ainda temos tantos casos de maus-tratos a animais?
Maus-tratos não são apenas agressões físicas. Situações como manter um animal preso, sob sol e chuva, sem alimentação adequada, água, higiene ou assistência veterinária também configuram crime ambiental, conforme as leis nº 9.605/1998 e nº 14.064/2020.
Como jornalista, já acompanhei casos de animais resgatados com feridas infestadas por larvas. Em muitos deles, os responsáveis alegavam falta de tempo ou dinheiro para cuidar. É verdade que a rotina das pessoas é cada vez mais corrida e que ainda faltam hospitais veterinários públicos. Mas é possível administrar o tempo e buscar alternativas mais acessíveis — como o Hospital Veterinário da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), em Presidente Prudente, onde, inclusive, o Charlie foi muito bem atendido.
Essa foi minha primeira experiência com um cão de grande porte e, com ela, veio muito aprendizado. Aprendi sobre cuidados específicos, primeiros socorros e medidas preventivas contra o higroma — que é mais comum do que eu imaginava: uso de hidratantes, camas macias, mantas e até cotoveleiras para evitar novas lesões.
Cuidar de um animal, doente ou não, exige tempo, energia e recursos. Mas o amor que recebemos em troca vale cada esforço. Adotar é um gesto bonito — mas também de imensa responsabilidade. Antes de levar um pet para casa, pense: se ele adoecer, você estará disposto a cuidar? Porque eles não pedem nada além de amor — e, se você permitir, vão te devolver isso de sobra.
 

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