O céu de Presidente Prudente, naquele crepúsculo de outono, incendiava-se em tons de laranja, um espetáculo que certamente aqueceria a alma obstinada de Agripino de Oliveira Lima. O pôr do sol da nossa terra, ele bem sabia, era uma pincelada divina diária. Agripino, homem de fé inabalável, ostentava em seu peito um grande crucifixo, símbolo visível de sua crença, que ele fazia questão de exibir com um contentamento quase infantil.
O professor que moldou gerações, o advogado, o político que escreveu seu nome na história da cidade, não mais caminha entre nós. Contudo, sua presença sutil pairava, como a brisa que acaricia as folhas da Praça Bandeira, onde hoje sua estátua repousa em um banco no Camelódromo, seu recanto predileto.
Tive a honra de ter sido seu secretário no seu governo. Conquistei sua confiança e conheci um homem simples que tinha a missão de trabalhar para os mais necessitados. A voz potente, ecoando em meio à multidão, seus olhos faiscando com a visão de um futuro florescente para Prudente. Agripino almejava uma cidade forte, repleta de oportunidades, com educação de excelência e saúde acessível a todos. Seu espírito empreendedor era vasto como o oceano e impetuoso como o vento. Com a coragem e a paixão que lhe eram intrínsecas, ele transformava visões em realidade, erguendo tijolos, engendrando projetos, tornando sonhos em realidade. Dona Ana foi seu grande esteio e seus filhos Cesar, Regina, Ana e Paulo Lima têm a missão de honrar o seu legado.
Fundou a Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), uma semente que brotou e se expandiu, metamorfoseando a trajetória de inúmeros jovens da região. Idealizou e construiu o Hospital Regional, um farol de esperança em meio à aflição e à busca por cura. "Um hospital de mil leitos? Esse homem devaneia!", cochichavam os incrédulos da época. Mas Agripino, com sua perspectiva que transcendia a compreensão dos limitados, confiava na solidez de seus sonhos. Mirava o impossível e fazia o possível. E na arena política, palco de embates e conquistas, deixou sua marca indelével, defendendo com fervor seus ideais.
Agripino era um homem à frente de seu tempo, carregando as complexidades e as contradições inerentes à existência. Sua capacidade de sonhar audaciosamente e de trabalhar incessantemente para concretizar esses sonhos ressoa até hoje. Percorrer as ruas de Prudente e contemplar a imponência do Hospital Regional, observar o ir e vir dos jovens nos corredores da universidade, é sentir a palpitação dos anseios de Agripino, materializados em concreto e em vidas transformadas.
Hoje, enquanto o sol se recolhe no horizonte da cidade que ele tanto venerava, podemos imaginá-lo em algum lugar sereno, talvez absorto na contemplação dessa mesma paisagem alaranjada, um sorriso discreto em seus lábios. Seus sonhos não feneceram com sua partida. Eles permanecem vivos, pulsando no íntimo de cada prudentino que anseia por um futuro promissor, que acredita no potencial desta terra. Agripino de Oliveira Lima partiu, mas seus sonhos continuam a pintar o céu de Presidente Prudente. E que essa herança perdure por incontáveis gerações. Para Agripino, os sonhos jamais envelhecerão.