Aos nove anos, o pequeno gênio de Presidente Prudente, Miguel Rosa dos Santos, já deixou sua marca no cenário acadêmico e tecnológico. Diagnosticado com TEA (transtorno do espectro autista), altas habilidades e superdotação, o jovem prodígio foi recentemente aprovado no vestibular de Engenharia de Software da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista). A notícia sobre o feito foi apurada e divulgada incialmente pela reportagem de O Imparcial e a trajetória do garoto despertou a atração de diversos veículos de mídia no Brasil.
Portais como Metrópoles, MSN Notícias, A Tarde, Jornal Liberal e perfis influentes no Instagram, como “Choquei” e “Razões para Acreditar”, noticiaram as conquistas de Miguel, o que gerou uma onda de interação nas redes sociais, com centenas de milhares de curtidas, comentários e compartilhamentos.
O jovem prodígio, que tem o sonho de ingressar no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e já é reconhecido por feitos como a descoberta de asteroides, parece estar destinado a percorrer um futuro brilhante. Porém, por trás da figura do pequeno gênio, há um menino com emoções, desafios e uma família dedicada a manter o equilíbrio entre a exposição nas mídias e o bem-estar necessário ao desenvolvimento de uma criança.
Josiane Luzia Mendonça dos Santos, mãe de Miguel, não esconde o orgulho, mas também revela um lado da história que nem sempre é contado: como é proteger uma criança extraordinária da pressão do mundo exterior. “Como mãe de uma criança atípica, lidar com a superexposição de Miguel nas mídias e redes sociais tem sido uma experiência delicada e complexa. A principal preocupação é garantir que essa exposição seja feita de maneira respeitosa, preservando sua privacidade e protegendo-o de pressões desnecessárias”, conta Josi.
Segundo a mãe, Miguel tem uma rotina muito diferente da maioria dos garotos da sua idade. Além de frequentar a escola regular, ele também assiste às aulas de pós-graduação em Física como aluno ouvinte na FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) e dedica boa parte do seu tempo a estudos em física quântica, nanotecnologia e engenharia.
Entretanto, a mãe faz questão de garantir que a infância dele não seja perdida entre as conquistas acadêmicas. “Como pais, eu e o Ricardo [o pai de Miguel] temos o papel de protegê-lo e, ao mesmo tempo, estimulá-lo e alimentá-lo, dando o suporte necessário para que ele continue acreditando em si mesmo e em suas capacidades”.
Embora a exposição nas mídias traga oportunidades para Miguel, também existe o desafio de lidar com a pressão. “A cada novo convite para aparições públicas ou menções nas redes, falamos com ele, com explicações adequadas à sua idade, para garantir que ele não seja submetido a situações que possam gerar desconforto ou confusão. Conversamos com ele de forma clara e simples, explicando as razões para essa exposição e garantindo que ele entenda tudo no seu tempo e de acordo com a sua perspectiva”, explica Josiane.
A família de Miguel também enfrenta outro desafio silencioso: o preconceito. Recentemente, a família decidiu limitar o acesso do garoto às redes sociais após alguns comentários maldosos. “Apesar das muitas conquistas e da trajetória promissora de Miguel, a parte mais difícil continua sendo o preconceito e os pré-julgamentos que algumas pessoas fazem. Ainda há quem, por ignorância ou falta de informação, não compreenda o que significa ser uma criança autista com superdotação, ou o quanto essas crianças são capazes. O preconceito, muitas vezes disfarçado de desconfiança ou olhares enviesados, é algo que temos que lidar com frequência. Esse tipo de atitude, infelizmente, pode ser desmotivador, por isso restringimos por esses dias o acesso dele às redes sociais por conta de alguns comentários”, desabafa a mãe.
Porém, longe de se abater, Josi conta que Miguel continua a trilhar seu caminho com o apoio incondicional da família. Seu objetivo de estudar no ITA é um norte claro, e a mãe vê com otimismo o futuro do filho. “Ele já tem planos para quando estiver no ITA, sonha em trabalhar em grandes projetos aeroespaciais e até fala sobre criar a ‘NASA brasileira’. Para nós, é um orgulho, mas também uma responsabilidade enorme manter esse equilíbrio entre estimular seus sonhos e garantir que ele seja, acima de tudo, uma criança feliz”.