Alerta à depressão 

OPINIÃO - Ivete Abbade

Data 12/07/2018
Horário 04:14

“A tristeza invade minha alma, de repente tudo fica em silêncio e a voz interior toma conta do meu ser. Inquietude. Sensação de vazio. Solidão. Medo. O que está acontecendo? Não sei. Não domino meus pensamentos”.

Este poderia ser o depoimento de uma pessoa depressiva. Um sentimento que não mais domina, uma escuridão que não tem fim. Parece simples, mas não é. Fácil de aparecer, mas difícil de curar. Uma dor profunda na alma, um vazio que não se preenche da noite para o dia. Deixa-se o sorriso de lado, não entende mais quem ele é e nem encontra prazer nas atividades cotidianas, não se sentindo forte o suficiente para dar o fim na melancolia, na tristeza, no negativismo. A chamada dor da alma. 

Como chegamos até ela, não sabemos, mas podemos, sim, encontrar um caminho para sairmos dela. Com a família, com amigos, com profissionais, com ajuda espiritual, não importa. Temos que pensar que somos mais fortes que isso, que temos a força interior capaz de vencê-lo. E é através desta força, que buscamos o equilíbrio, que sentimos o quanto somos capazes de salvar nossa alma, de  curar nossas dores.

Frequentemente encontramos com algum caso de depressão na trajetória de nossas vidas, mas não sabemos como lidar com isso. Ela não escolhe idade, profissão, e nem se sabe sua causa, mas precisa ser tratada. 

A depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo. Em estudos realizados pela Organização Mundial de Saúde em 2015, num período de dez anos, este número cresceu 18,4%. A prevalência do transtorno na população mundial é de 4,4%. Para se ter uma ideia, no Brasil, são 11,5 milhões de brasileiros deprimidos, atingindo 5,8 % da população. O Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina. 

Estes dados são assustadores, principalmente por aqueles casos extremos em que chegam ao suicídio. Mas, o que fazer para mudar esta realidade? Não é tão simples, mas podemos fazer a nossa parte.  Entender o sofrimento do deprimido e ir em busca de profissionais na área da psicologia e psiquiatria para um tratamento. Sem receios e preconceitos, mas na esperança de resgatar a dignidade destas pessoas, de ressuscitar sua alegria de viver. Seja em qualquer ambiente, escola família, comunidade, igreja, assistência social, enfim, quando nos depararmos com pessoas nesta situação, encaminhá-las ao tratamento. Sozinha, dificilmente conseguirá sair. Em muitos casos, os medicamentos são fundamentais e necessitam ser utilizados regularmente. Não é uma formula mágica, a ajuda tem que vir também do deprimido e das pessoas que convivem com ele. É um processo lento, mas que, certamente chegará a bons resultados. 

Não tenho conhecimento científico do assunto, especialistas na área poderão definir melhor o caminho para se chegar à cura. No entanto, entendo que nascemos para ser feliz, nascemos para libertar nossa alma do medo, do mal, do desconforto de viver como se o mundo desabasse sobre nós. Fica aqui apenas um alerta para aprender a driblar as armadilhas que a vida nos prega, sem sentimento de culpa, perda ou solidão. Nem tudo está perdido! 

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