Amigos se despedem de Dióres Santos de Abreu

Historiador chefiou o departamento de Geografia da FCT/Unesp, em Prudente; ele morreu aos 84 anos, no último sábado

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 28/09/2020
Horário 18:39
Cedida - Historiador é destacado por pesquisa que estudou a origem de Prudente
Cedida - Historiador é destacado por pesquisa que estudou a origem de Prudente

Uma referência. Em síntese, é desta forma que os amigos e familiares do historiador Dióres Santos de Abreu, de 84 anos, o enxergam. De tal modo que as contribuições por ele realizadas ao longo de sua vida sempre deixaram marcas. E essas marcas fizeram mais sentido no último sábado, dia 26 de setembro, quando o maior historiador da linha do tempo prudentina faleceu. Em luto, mas também em gratidão, os entes queridos se despediram da figura que ele foi. Dióres lutava contra um câncer.
Formado na USP (Universidade de São Paulo), Dióres iniciou sua carreira como docente do ensino básico, em Regente Feijó, razão pela qual veio morar em Presidente Prudente e ingressou na antiga Fafi (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente), nos anos de 1960, hoje FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista).
“Suas aulas de história geral, no primeiro ano dos Cursos de Ciências Sociais e Geografia, eram simplesmente sensacionais. Sua oratória e sua eloquência, combinadas com sua disposição para andar continuamente pela sala de aula, enquanto falava, funcionavam como um imã que atraía a todos nós, seus alunos”. E mesmo depois de tanto tempo, é desta forma que se recorda sua ex-aluna, e hoje também professora, Maria Encarnação Beltrão Sposito, mais conhecida como Carminha.
Ela faz parte do departamento de Geografia da FCT/Unesp, que um dia foi chefiada pelo historiador, diga-se de passagem, muito lembrado pelos amigos, pelos trabalhados realizados. Dentre eles, destaca-se a pesquisa desenvolvida para compreender a formação da cidade de Presidente Prudente, intitulada “Formação histórica de uma cidade pioneira paulista: Presidente Prudente”.

Trabalho pioneiro

Raul Borges Guimarães, professor e atual titular do departamento de Geografia, vaga ocupada por Dióres, faz questão de sempre frisar isso sobre a pesquisa: “foi um trabalho que não só contribuiu para a história de Prudente, mas também serviu e sempre vai servir como referência para teses e dissertações da área”. E complementa: o trabalho dele é pioneiro.
À reportagem, Raul frisa que no início de sua carreira na FCT/Unesp, o historiador estava se aposentando, então, tiveram pouco tempo de relação profissional na faculdade, porém, “por ser um frequentador assíduo do local”, principalmente da biblioteca, enquanto pôde, sempre se fez presente. “Seja doando ou retirando livros. Um amigo das obras e da biblioteca”, frisa.
O professor aposentado Jayro Gonçalves Melo, que trabalhou ao lado de Dióres por cerca de 30 anos, também faz questão de prestar as homenagens. E assim como os demais amigos, ele faz isso divagando sobre a contribuição do historiador para a cidade. “Dióres estava sempre pronto para orientar e liderar. Ele era um norteador, um timoneiro. De outro lado, Dióres era o historiador da cidade, pois sua tese de doutorado intitulada ‘Formação histórica de uma cidade pioneira paulista: Presidente Prudente’ é e sempre será de consulta obrigatória para quem pretende pesquisar a dinâmica da história local”, pontua.
Para Jayro, ninguém, até então, havia feito pesquisa profunda sobre as origens urbanas prudentinas. E além dessa obra, menciona que o historiador produziu inúmeros artigos publicados em revistas especializadas, com identidades regionais.
“Pelas razões apontadas acima é que eu presto minha homenagem ao homem que considero um dos mais competentes conhecedores e produtores da nossa dinâmica social. Ele escreveu sobre o passado e soube viver o presente como ninguém”, pontua Jayro.

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