Análise imobiliária 2020: um ano inesquecível ou para se esquecer?

Bruna Melo

COLUNA - Bruna Melo

Data 27/12/2020
Horário 08:00

Estamos chegando ao final de um ano emblemático que marcou a história contemporânea. O mundo não enfrentava uma pandemia há mais de 50 anos, sendo que no século XX houve três grandes pandemias: a gripe espanhola em 1918–1920, a gripe asiática de 1957–58 e a gripe de Hong Kong, que foi de 1968–1970. E a pandemia da Covid-19 mudou o quê no nosso cotidiano e no mercado imobiliário?
O coronavírus fez milhões de vítimas fatais pelo mundo, trazendo muita dor e sofrimento para diversas famílias. Outras sofreram por não conseguir dar um abraço nos entes queridos, pois a principal medida de prevenção à Covid foi o isolamento social. A pandemia trouxe muitas angústias e incertezas à população.
A economia também foi duramente castigada, com a escassez de matéria-prima para a produção nas indústrias, assim como o fechamento de postos de trabalho e empresas. Já o mercado imobiliário se mostrou uma excelente saída, que impediu o colapso da economia nacional. O governo adotou uma série de medidas para incentivar a construção civil visando fomentar ainda mais o setor imobiliário.
A taxa Selic no menor patamar da história tornou os investimentos bancários uma opção com baixo retorno, não compensando ficar com o dinheiro “parado no banco”. Aliada à instabilidade da bolsa de valores com acionamento do “circuit breaker” inclusive (mecanismo de segurança utilizado para interromper todas as operações da Bolsa de Valores do Brasil quando as ações negociadas sofrem quedas consideradas atípicas em seus preços), o mercado imobiliário voltou aos holofotes, se tornando o novo velho porto seguro.
As empresas passaram por uma reformulação forçada pela pandemia, mas diante dessas mudanças, muitas viram sua produtividade aumentar com o home office, por exemplo, que reduziu custos com espaço físico e aumentou a eficiência. Muitas reflexões ocorreram, como a manutenção da sede física da empresa xcoworking, um formato que possibilita o compartilhamento de espaços e recursos de escritórios entre as pessoas, reduzindo os gastos operacionais. Novos conceitos e valores foram repensados, como a consciência consumerista (consumo economicamente sustentável) diante da crise econômica.
O Estado teve que se adequar à nova realidade, desde às audiências virtuais no judiciário até a lavratura de escrituras eletrônicas pelos cartórios de notas. O Provimento 100 do Conselho Nacional de Justiça veio regulamentar de forma definitiva a possibilidade de praticar todos os atos notariais de forma digital, desde que a parte possua certificado digital ICP-Brasil ou “notarizado” (emitidos gratuitamente pelos cartórios).
A tecnologia nas nossas vidas é essencial e o isolamento social realçou a sua importância. O coronavírus foi considerado um acelerador de futuros pois viabilizou rapidamente procedimentos que demorariam anos a serem implementados como as escrituras eletrônicas. O processo de digitalização dos procedimentos acelerou de uma forma sem precedente, sob a ótica do desenvolvimento cibernético, fazendo com que as empresas evoluíssem décadas nessa pandemia.
A solidariedade e empatia foram muito presentes neste ano, vejamos os exemplos de vizinhos que nunca haviam se falado e na pandemia se colocaram à disposição dos mais idosos para fazer compras, músicos tocando gratuitamente nas sacadas para tentar alegrar os momentos de solidão e desespero, a corrente de solidariedade para tentar ajudar os pequenos comércios locais, entre outros exemplos.
Assim, do ponto de vista imobiliário o ano de 2020 foi um ano inesquecível, marcado pela capacidade de adaptação dos operadores e resiliência, tendo em vista o volume de renegociações para redução e suspensão de aluguéis, e, também como uma marca positiva dos fatores que envolvem o mercado imobiliário como crédito atrativo (média de 6% a 7% ao ano) e rentabilidade do imóvel superior a outros investimentos (bancários e bolsa de valores). E uma frase do ex-presidente americano, Franklin Roosevelt, pode resumir o ano de 2020 para o setor imobiliário: “Um imóvel não pode ser perdido, roubado ou levado por ninguém. Comprado em um bom negócio, pago integralmente e gerido com cuidado razoável, é o investimento mais seguro do mundo”.
 

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